Significado de Malaquias 2

Malaquias 2

Malaquias 2 continua o diálogo entre Deus e o povo de Israel, enfocando o comportamento dos sacerdotes e as consequências de suas ações. O capítulo começa com um discurso direto aos sacerdotes, que são admoestados por não honrar o nome de Deus e por não cumprirem suas responsabilidades como líderes espirituais.

O capítulo descreve uma série de acusações contra os sacerdotes. Eles são acusados de mostrar parcialidade em seus julgamentos, o que prejudica a justiça e a retidão dentro da comunidade. Eles também permitiram que a corrupção e a imoralidade se infiltrassem em suas fileiras. Especificamente, o capítulo condena os sacerdotes por quebrarem a aliança ao se casarem com mulheres estrangeiras, que os levaram a adorar deuses estrangeiros. Esse casamento misto e idolatria são vistos como uma traição de seus deveres espirituais e um desrespeito à santidade da aliança.

O desagrado de Deus é expresso através do pronunciamento de maldições e punições sobre os sacerdotes. Suas bênçãos se transformarão em maldições e sua honra será substituída por vergonha. Além disso, eles serão humilhados publicamente e sua linhagem cairá em desgraça.

O capítulo gira em torno de um lembrete da aliança estabelecida com os sacerdotes levíticos, destacando o dever dos sacerdotes de instruir o povo em questões de retidão e justiça. A aliança é retratada como um símbolo de vida e paz, contrastando com o comportamento dos sacerdotes que leva à morte e à destruição.

Malaquias pede que os sacerdotes se arrependam e retornem a seus devidos papéis como fiéis mensageiros da verdade de Deus. O capítulo termina com uma mensagem de esperança e restauração, indicando que se os sacerdotes se arrependerem genuinamente e cumprirem suas responsabilidades, Deus os restaurará à sua posição de direito e os abençoará mais uma vez.

Em resumo, Malaquias 2 aborda o fracasso dos sacerdotes em cumprir seus deveres e manter a integridade de seu papel como líderes espirituais. Sua parcialidade, corrupção e casamentos mistos com mulheres estrangeiras levaram à degradação do sacerdócio. O capítulo enfatiza a importância da aliança, condena sua desobediência e oferece uma chance de arrependimento e restauração se eles retornarem ao serviço fiel.

Significado

2.1-16 O profeta explora de modo mais profundo a razão pela qual a nação estava tratando Deus dessa forma. Chega à conclusão de que Deus estava sendo tratado assim porque três grupos de pessoas haviam quebrado o concerto: os sacerdotes (v.1-9), o povo em geral (v. 10-12) e entre o povo, particularmente, os homens que se divorciavam, com o maior cinismo, de suas esposas (v.13-16). A palavra concerto tem muita importância nestes versículos.

2.1 O fato de os sacerdotes serem mencionados aqui nos mostra que a seção que começa em Malaquias 1.8 continua neste capítulo.

2.2 Se não [...] dar honra. A atitude dos sacerdotes estava denegrindo o nome de Deus. Enviarei a maldição. Quando o povo estava para entrar na Terra Prometida, os levitas pronunciaram diante deles bênçãos de obediência e maldições de desobediência (Dt 27—28). Aqui, no entanto, eram os próprios sacerdotes que não estavam obedecendo à Lei que deveriam guardar. Por isso, seriam eles os amaldiçoados.

2.3 O esterco a que se refere é o do animal a ser sacrificado, que tinha de ser retirado antes de preparado para oferta ao Senhor.

2.4 Meu concerto seja com Levi. Os levitas receberam o privilégio de servir no tabernáculo (Dt 33.8-11).

2.5 O concerto de Deus foi feito com Finéias, descendente da tribo de Levi (Nm 25.1-4). De vida e de paz. O significado mais simples da palavra paz é plenitude, inteireza, algo que é de fato como deveria ser. Para que me temesse. O contexto aqui nos transmite a ideia de honrar a Deus com temor e reverência, considerando de modo correto as maravilhas feitas por Ele e adorando-o sempre em espírito e em verdade (Ml 3,5-16; 4-2).

2.6 A lei da verdade. Os sacerdotes do Antigo Testamento tinham dupla função — representar o povo na adoração santa perante o Deus vivo e ensinar e aplicar a lei de Deus junto ao povo. Em paz e em retidão. Assumir uma virtude moral completa perante o Senhor em relação a todas as coisas.

2.7 No Antigo Testamento, o profeta era comumente chamado de anjo, no sentido de mensageiro, do Senhor. Contudo, ao que parece, essa é a única vez em que o sacerdote é assim chamado no Antigo Testamento (Ml 3.1).

2.8 Desviastes [...] a muitos fizestes tropeçar. O juízo sobre os líderes religiosos que se haviam desviado seria mais rigoroso ainda, porque sua atitude insensata e pecaminosa levara também o povo a pecar. O concerto de Levi. Deus fez esse concerto com a tribo de Levi, especialmente com Fineias (v. 4). Outras passagens fazem alusão a esse concerto (Ne 13.29; Jr 33.20,21).

2.9 Os sacerdotes conheciam a verdade, mas não mais a guardavam nem praticavam. Como juízes, não eram imparciais, o que tornava seu pecado ainda pior (Dt 17.9-11; 19.17).

2.10 Nos criou um mesmo Deus. O verbo criar nos traz à memória a grande criação descrita em Gênesis 1.26-28. Seremos desleais: Já que Deus é o Criador de toda a humanidade (Ml 1.27), Ele exige que todos os seres humanos ajam com lealdade uns com os outros.

2.11 O termo abominação é bastante forte, indicando até algo que dá ânsia e vómito; o povo fez algo tão terrível a ponto de poder levar uma pessoa a um mal-estar. A santidade do SENHOR, a qual ele ama. A palavra santidade foi aqui muito bem traduzida, significando as coisas santas de Deus, que ele ama. O texto nos dá uma ideia de afeição e indignação ao mesmo tempo, algo que geralmente associamos aos verbos amar e aborrecer. O casamento é algo que Deus ama; o divórcio é algo que ele aborrece (v.16). O povo do Senhor maculou algo em que Deus tem grande prazer. Com a filha de deus estranho. A questão do casamento inter-racial em Israel não era, de fato, ética ou étnica, mas, sim, espiritual: infidelidade ao próprio Deus.

2.12 Extirpará. Esse verbo alude à expulsão ou até mesmo à morte. O que vela, e o que responde. A interpretação dessa frase é um pouco difícil, mas ela pode estar se referindo a uma ofensa direta ao Senhor (Lv 10.1-3).

2.13 Ainda fazeis isto. Os profetas em várias ocasiões se levantaram para falar dos inúmeros pecados do povo (Jr 2.13). As lágrimas aqui parecem ser uma atitude hipócrita do povo, que não se arrependia com sinceridade (Is 1.10-15). Ele não olha mais para a oferta. Quando a coisa certa é feita por motivo ou intenção errada, Deus de modo algum pode aceitá-la (Sl 40.6-8). Com prazer. Esse termo em hebraico denota o prazer e a alegria de Deus. O prazer de Deus está nos sacrifícios oferecidos como gesto de humildade, fé e alegria.

2.14 Por quê? O povo quis mostrar que estava surpreso, mas não conseguiu enganar pessoa alguma com isso, muito menos a Deus. Testemunha. Há pessoas cujo testemunho pode ser contestado, mas o Senhor não se encontra entre elas (Ml 3.5). A mulher da tua mocidade. Esses homens não apenas se casaram com mulheres pagãs, mas também se divorciaram de suas esposas para viver com elas. Companheira exprime um relacionamento estável. Do teu concerto: A união em um casamento é formal, pública, legal e sagrada, um contrato obrigatório.

2.15 Fez ele somente um. O profeta aqui traz à memória as palavras de Génesis 2.24: uma só carne. Sobejando-lhe espírito. Essa frase um pouco difícil de entender pode estar referindo-se à obra do Espírito Santo de Deus na vida de um casal. Deus uniu os cônjuges e trabalha para fortalecê-los por meio do Espírito Santo. Uma semente de piedosos. Deus busca filhos piedosos assim como verdadeiros adoradores (Jo 4.23,24). Guardai-vos em vosso Espírito. Temos de controlar nossas atitudes para que elas estejam de acordo com as do Espírito de Deus.

2.16 Desleais. Para o Senhor, tratar os votos e obrigações do casamento com indiferença é a atitude de um traidor.

2.17 Deus se enfada daqueles que não se submetem a Ele, mas, sim, querem impor a opinião própria à Sua revelação. Quando vier o juízo, estes se arrependerão de o terem feito (Ml 3.5).