Significado de Gênesis 9

Gênesis 9

Gênesis 9 continua a história de Noé e sua família após o grande dilúvio, detalhando a aliança de Deus com Noé e o estabelecimento do arco-íris como sinal dessa aliança. O capítulo também inclui o relato da embriaguez de Noé e a maldição que ele lança sobre seu neto Canaã.

O capítulo começa com Deus abençoando Noé e seus filhos e ordenando-lhes que frutifiquem e se multipliquem. Deus estabelece uma aliança com Noé, prometendo nunca mais destruir toda a vida na terra com um dilúvio. Como sinal dessa aliança, Deus cria o arco-íris, que serve como lembrete de Sua promessa.

O capítulo também inclui o relato de Noé ficando bêbado e descobrindo-se em sua tenda. Seu filho Ham o vê nu e conta a seus irmãos, que cobrem o pai sem olhar para ele. Quando Noé acorda e descobre o que aconteceu, ele amaldiçoa o filho de Cam, Canaã, afirmando que ele será um servo de seus irmãos. 

No geral, Gênesis 9 apresenta o estabelecimento da aliança de Deus com Noé e o significado do arco-íris como um lembrete dessa aliança. Também inclui o relato da embriaguez de Noé e a maldição que ele coloca em seu neto Canaã.

Comentário de Gênesis 9

Gênesis 9.1 frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra. A bênção de Deus à família de Noé estabeleceu um novo começo para a humanidade. O verbo abençoou expressa a ideia de prazer, da ternura da satisfação de Deus (Gn 1.22, 28; 2.3; 12.2, 3). Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra. Esta foi a ordem de Deus desde o início. Desta forma, as promessas que o Senhor havia feito a Adão e Eva (Gn 1.26-28) eram agora reafirmadas a Noé, o “novo Adão”. Entre outras coisas, o repovoamento da terra pela família de Noé significava que a sociedade começava de novo, mas agora a história estava dividida em duas eras: a pré-Dilúvio, e a pós-Dilúvio.

Gênesis 9.2 A bênção de Deus aqui é muito maior do que a primeira (Gn 1.28, 29), pois agora os animais e os pássaros teriam um temor natural dos seres humanos e estariam sob o controle das pessoas.

Gênesis 9.3-5 Três novas realidades marcam o período pós-diluviano: (1) a carne poderia ser comida com os vegetais; (2) o sangue não poderia ser ingerido com a comida; e (3) aquele que derramasse sangue teria de prestar contas de tal ato.

Gênesis 9.3 Tendo em vista esta ordem divina, presume-se que até aquele momento os homens e as mulheres alimentavam-se apenas de vegetais.

Gênesis 9.4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. Podemos saber mais sobre esta restrição lendo Levítico 17.11, 12. O sangue representa a vida do animal. Logo, poderia ser derramado em sacrifícios, pois toda a vida pertence ao Senhor.

Gênesis 9.5 E certamente requererei o vosso sangue. Mais sagrada do que a vida dos animais é a vida de uma pessoa. Os animais poderiam ser mortos para a alimentação, mas nenhum assassinato seria tolerado pelo Senhor.

Gênesis 9.6, 7 Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem. Estas palavras poéticas foram ditas com intuito de causar impacto e notabilidade. A imagem de Deus (Gn 1.26, 27; 5.1) ainda está no homem. O pecado não a destruiu completamente. Deus dá mais valor ao ser humano do que a qualquer outra criatura viva, porque o ser humano possui a imagem de Deus.

Gênesis 9.8-10 Esta é a segunda ocorrência deste importante conceito de aliança. Deus prometeu que Ele estabeleceria Sua aliança com Noé, e aqui Ele realiza esta grande obra (ver Gn 15.8; compare com Gn 3.15). Esta aliança assegura a vida dos animais de todas as espécies.

Gênesis 9.11 Nunca mais haverá outra enchente como a descrita nos capítulos 6—8.

Gênesis 9.12-15 O arco-íris é um sinal da promessa de Deus de nunca mais haver Dilúvio sobre a terra e a constante lembrança de Suas palavras. Mais tarde, Abrão (Abraão) pediria ao Senhor um sinal da aliança que Deus fez com ele.

Gênesis 9.16, 17 E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar do concerto eterno. Isso tem um significado precioso: não só as pessoas olhariam para o arco-íris e se lembrariam da promessa de Deus; Ele também o faria.

Gênesis 9.18, 19 Os filhos de Noé já haviam sido mencionados antes (Gn 5.32; 6.10; 7.13), mas a menção novamente deles aqui reforça a sobrevivência da humanidade após o Dilúvio e estabelece a etapa seguinte. Cam é apontado como o pai de Canaã. Essa identificação foi particularmente importante para os primeiros leitores de Gênesis: os israelitas que estavam por entrar em Canaã (Dt 1.1). Mas esta informação também prepara o leitor para a vergonhosa história que está para ser apresentada nos versículos seguintes (Gn 9.20-23).

Gênesis 9.20, 21 A cultura da vinha era padrão no cenário da agricultura na antiga Israel. Aqui é citada por causa da embriaguez de Noé.

Gênesis 9.22 E viu Cam, o pai de Canaã, a nudez de seu pai e fê-lo saber a ambos seus irmãos, fora. Aqui não fica claro se a grande ofensa de Cam foi ter visto a nudez de seu pai. Os versículos a seguir, especialmente o 23, sugerem que Cam tenha feito galhofa ao ver seu pai nu, e essa notícia chegou aos ouvidos de Noé depois que ele voltou a si.

Gênesis 9.23 Sem e Jafé, ao contrário de Cam, esforçaram-se para honrar seu pai, cobrindo-lhe a nudez, para não expô-lo; eles se recusaram a sequer olhar para a nudez do pai.

Gênesis 9.24, 25 Os três filhos de Noé haviam sido abençoados com o pai (Gn 9.1). Mas, quando soube do mau proceder de Cam, Noé amaldiçoou este e seus descendentes (Gn 10.6). Alguns acreditam que este versículo justifique a escravidão dos africanos (que, como se supõe, foram os descendentes de Canaã), mas esta é uma interpretação duvidosa, visto que os povos cananitas eram os descendentes diretos de Canaã, que estava sob a maldição de seu pai. Assim, quando os hebreus [descendentes de Sem] estavam às margens do rio Jordão para entrar na terra de Canaã (Dt 1.1), foram encorajados por esta realidade, que lhes prometia a vitória sobre os cananitas.

Gênesis 9.26, 27 Sem é abençoado com a hegemonia sobre seus irmãos, mas Jafé também é abençoado. Héber e Abrão eram descendentes de Sem (Gn 11.10-30), desta maneira a bênção de Sem era uma bênção que alcançaria seus descendentes, os israelitas (Gn 12.1-3). Novamente, o recurso poético que é usado nestes versículos lhes acrescenta poder e notabilidade. Da mesma forma que Noé abençoou seus filhos antes de sua morte, posteriormente Jacó também abençoaria seus filhos antes de morrer (Gn 49).

Gênesis 9.28, 29 A morte de Noé foi o fim de uma era. Somente ele e sua família viveram em dois mundos diferentes: uma terra antes do Dilúvio e depois deste. A longa vida de Noé (950 anos) deu-lhe oportunidade de transmitir a seus muitos descendentes a dramática história que havia vivido com a sua família. Pessoas de diferentes culturas e muitos lugares do mundo conhecem histórias de uma grande enchente no passado. Os detalhes de cada uma podem ser diferentes, mas o tema central é único e permanece.

Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50