Significado de Gênesis 37

Gênesis 37

Gênesis 37 narra a história de José, filho de Jacó, e sua jornada desde ser favorecido por seu pai até ser vendido como escravo por seus próprios irmãos. O capítulo começa apresentando José como um menino de dezessete anos que era amado por seu pai e odiado por seus irmãos. José teve dois sonhos que compartilhou com sua família, nos quais se tornou um governante sobre eles. Isso causou mais ressentimento e ciúme de seus irmãos, levando-os a conspirar contra ele.

O capítulo então conta a história de como os irmãos de José conspiraram para matá-lo, mas em vez disso o venderam para uma caravana de ismaelitas. Eles então pegaram a túnica de José e a mergulharam em sangue de cabra para fazer parecer que ele havia sido morto por um animal selvagem. Os irmãos então apresentaram isso ao pai, fazendo-o lamentar a suposta morte de José.

Gênesis 37 prepara o cenário para a jornada de José e as lições que ele aprenderia ao longo do caminho. O capítulo destaca as consequências do ciúme, da traição e do orgulho e mostra como Deus pode trabalhar mesmo em meio a circunstâncias difíceis. Também prenuncia a futura redenção de José e sua família e, finalmente, aponta para a vinda de Cristo.

Em resumo, Gênesis 37 conta a história de José e sua jornada desde ser favorecido por seu pai até ser vendido como escravo por seus próprios irmãos. Mostra as consequências do ciúme, da traição e do orgulho, e aponta para a futura redenção de José e sua família. O capítulo prepara o terreno para as lições que José aprenderia e a obra que Deus faria em sua vida, apontando para a vinda de Cristo.

Comentário de Gênesis 37

Gênesis 37.1—50.26 Esta última grande passagem de Gênesis é considerada por muitos como uma das melhores narrativas literárias do mundo antigo. Poucos personagens no Antigo Testamento são apresentados com tanta clareza quanto José, e somente algumas histórias no Antigo Testamento são descritas com tantas minúcias e de maneira tão interessante quanto esta. Talvez apenas as narrativas acerca de Moisés e Davi contenham mais informações do que o relato sobre José. A história deste filho de Jacó começa em um ambiente de prosperidade na família, depois narra um extenso período de adversidade e desintegração desta, até que, em um dado momento, há a restauração e a reunião do núcleo familiar, o que resulta em um cenário bastante próspero, como o que havia no início da passagem.

Gênesis 37.1 E Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai. Após deixar Labão, Jacó, a princípio, estabeleceu-se em Siquém (Gn 33.18-20). Depois disso, atendendo ao comando do Senhor, ele seguiu rumo a Betei (Gn 35.1-15), onde a aliança divina foi renovada. Jacó, então, percorreu novamente o caminho rumo ao sul para Efrata (mais tarde chamada de Belém, em Gn 35.16-20), lugar onde Raquel morreu ao dar à luz Benjamim. Por fim, Jacó foi para Hebrom (Quiriate-Arba), onde sepultou o seu pai (Gn 35.27-29). No capítulo 37, há continuidade da história de Jacó em Hebrom (v. 14). A palavra em hebraico gur, traduzida como peregrinações também pode significar estrangeiro ou forasteiro. O Senhor prometera que aquela terra pertenceria à família de Abraão (Gn 12.7). Até a terceira geração, a promessa ainda não havia se cumprido. Jacó e sua família ainda habitaram como estrangeiros naquele local.

Gênesis 37.2 As gerações de Jacó. Esta é a décima vez que a palavra hebraica para descendência ou genealogia é usada em Gênesis (veja Gn 2.4). José foi o primeiro filho de Raquel, a esposa preferida de Jacó (Gn 30.22-24). Aqui, José é apresentado com dezessete anos. Esta é uma das poucas vezes em que a Bíblia registra a idade de uma pessoa em um dado acontecimento (Gn 12.4). Geralmente, as Escrituras apontam o tempo de vida de uma pessoa. José estava com os filhos de Bila e de Zilpa. Bila foi serva de Raquel que teve dois filhos com Jacó, Dã e Naftali (Gn 30.4-8), e Zilpa, a criada de Léia que deu à luz dois filhos de Jacó, Gade e Aser (Gn 30.9-11). José levava a Jacó a má fama deles. Provavelmente José não estava mentindo a respeito de seus irmãos, pois sempre demonstrou bastante integridade (Gn 39). Talvez ele apenas relatava a negligência por parte dos filhos de Bila e Zilpa. Mas, qualquer que tenha sido a sua intenção, seus irmãos naturalmente se ofenderam.

Gênesis 37.3 E Israel... O nome Israel foi dado a Jacó após a sua luta como Senhor (Gn 32.22-32). Ele é usado de forma intercalada com o nome Jacó (Gn 35.21,22:43.6). Amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice. Além de ser um filho da velhice de Jacó, o favoritismo de Jacó por seu filho José também pode ser explicado por causa do grande amor que ele nutriu pela mãe do menino (Gn 29.30). E fez-lhe uma túnica de várias cores. A expressão hebraica (ketonet passim) pode referir-se apenas a um artigo de vestuário com mangas longas. O importante é que o manto era diferente na cor ou no formato e provavelmente bastante valioso.

Gênesis 37.4 O modo como Jacó tratava José despertou um sentimento negativo nos outros filhos que não recebiam o mesmo tratamento.

Gênesis 37.5 Em seu entusiasmo juvenil, José contou à família um sonho que tivera. Embora o sonho tenha sido profético, fez com que seus irmãos o odiassem ainda mais.

Gênesis 37.6 José até pode ser acusado de contar o sonho de forma propositada. Contudo, é mais provável que ele não tivesse a mínima noção de como as suas palavras seriam recebidas. A sua opulência fez com que ele mostrasse inadequadamente a superioridade sobre seus irmãos.

Gênesis 37.7 O sonho de José mostrou a proeminência que ele teria em sua família. Na sociedade em que viviam José e seus irmãos, o primogênito era o filho mais importante (Gn 35.23). O sonho de José não só insultou seus irmãos mais velhos, como também violou um costume.

Gênesis 37.8 Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Os irmãos entenderam imediatamente o significado do sonho de José. O que eles não poderiam imaginar é que o sonho se tomaria realidade e que todos os seus elementos se cumpririam literalmente.

Gênesis 37.9 José podia ter usado um pouco mais de tato e prudência quando viu a resposta da sua família a respeito de seus sonhos. Contudo, ele narrou seu segundo sonho, que pareceu mais perturbador ainda, pois, de acordo com José, até mesmo o sol e a lua — supostamente seu pai e sua mãe (embora esta já tivesse falecido, de acordo com Gn 35.16-20) — iam curvar-se diante dele. As onze estrelas seriam os seus irmãos.

Gênesis 37.10, 11 Neste trecho, até mesmo o pai se sentiu insultado por causa da atitude de José. Ele podia ter contado a respeito de seu sonho com mais cuidado. Resultado: Seus irmãos, pois, o invejavam-, seu pai, porém, guardava este negócio no seu coração. Apesar de a princípio ter interpretado as palavras de seu filho como uma afronta, Jacó considerou que os sonhos de José eram um claro anúncio de Deus (compare com Lc 2.19).

Gênesis 37.12 Os irmãos de José foram para Siquém, norte de Hebrom (Gn 35.27-29), provavelmente a fim de encontrar novos pastos para seus rebanhos. Siquém ainda figura de forma importante na narrativa de Gênesis. Abrão ergueu seu primeiro altar para Deus nesse lugar (Gn 12.6;33.18).

Gênesis 37.13 Jacó disse a José: Vem e enviar-te-ei a eles. A história do jovem José sendo mandado por seu pai para se unir aos seus irmãos é de certa forma similar à narrativa de Davi, que foi enviado por seu pai para ir até o local onde seus irmãos estavam acampados (1 Sm 17.17-19).

Gênesis 37.14-16 Vai, agora, e vê se se vão bem teus irmãos (ARA). A palavra hebraica usada no texto original é shalom, frequentemente traduzida como paz, mas que significa bem (em todos os aspectos); estado de perfeição e completude. E traze-me resposta. José já havia transmitido ao pai notícias ruins a respeito dos irmãos em outra ocasião; então, desta vez, ele é convocado a vigiá-los, mas não seria bem recebido pelos mesmos.

Gênesis 37.17 Foram-se daqui, porque ouvi-lhes dizer: Vamos a Dota. O varão anônimo podia ter ajudado José. Coisas assim consideramos como providência divina. Ele era a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa para socorrer José. Entretanto, da maneira como acontece, a jornada logo termina em desastre. Isso nos leva a pensar que, mesmo quando Deus está olhando por nós, não há garantias de que tudo corra da forma como desejamos. Dotã está localizado a aproximadamente 16 km ao norte de Siquém, próximo ao monte Gilboa.

Gênesis 37.18 E viram-no de longe. A túnica diferente de José permitiu que os irmãos reconhecessem-no à distância (v. 3,23,31). Conspiraram contra ele, para o matarem. O ódio e a inveja os levaram a planejar o assassinato de José (v. 4,5,8,11).

Gênesis 37.19, 20 E disseram uns aos outros: Eis lá vem o sonhador-mor. A palavra hebraica correspondente expressa desprezo e significa literalmente mestre dos sonhos. Os irmãos temiam que os sonhos de José pudessem de fato virar realidade. Matando-o, eles evitariam que tal fato ocorresse.

Gênesis 37.21 Rúben, que era o primogênito e o principal herdeiro de Jacó, teria mais a perder do que os outros se os sonhos de José se concretizassem (Gn 35.23). Apesar disso, Rúben interferiu no plano, para que poupassem a vida de José. Esta atitude contrasta com a sua ação pecaminosa anterior (Gn 35.22).

Gênesis 37.22 Não derrameis sangue. Rúben quis poupar a vida de José. Então, convenceu seus irmãos a jogar José em um poço. Em um poço sem água, José só conseguiria sobreviver alguns dias. Contudo, Rúben planejava resgatá-lo na hora certa. O primogênito de Jacó foi provavelmente motivado pelo amor ao seu pai e pelo desejo de facilitar o relacionamento estremecido com este por causa de seu abuso com Bila (Gn 35.22; Gn 49.4). Depois que Rúben convenceu seus irmãos a não matarem José, ele partiu (v. 29).

Gênesis 37.23 Ao arrancar a túnica de José, os irmãos deixam claro que aquela vestimenta distintiva lhes causava ódio. Assim, eles não queriam que José permanecesse com ela nem na hora de sua morte.

Gênesis 37.24 A cova vazia e sem água significa que os irmãos o deixaram lá para morrer. Uma pessoa pode viver um período considerável sem comida, mas consegue sobreviver apenas alguns dias sem água.

Gênesis 37.25 A frieza dos irmãos em relação a José pode ser observada quando lemos que, depois do atentado contra a vida deste, eles se assentaram a comer pão. Nem mesmo Caim se sentou para fazer uma refeição após matar Abel (Gn 4.1-9). Os ismaelitas eram comerciantes que viajavam de uma parte a outra. O termo se refere aos descendentes de Ismael, o filho de Abraão (Gn 16.11-16;17.18-27;25.12-18;28.9;36.3) é equivalente ao termo midianita (v. 28). Gíleade é uma região montanhosa na Jordânia (Gn 31.21), famosa por suas especiarias (Jr 8.22;46.11). Apenas as pessoas ricas possuíam camelos, que já eram domesticados nesse tempo.

Gênesis 37.26 Que proveito haverá em que matemos a nosso irmão e escondamos a sua morte? A princípio os irmãos planejaram matar José, mas depois pensaram em uma maneira de afastá-lo da família e tornar o crime rentável.

Gênesis 37.27, 28 Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram, e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte moedas de prata aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito. Midiã era o filho de Abraão e sua concubina Quetura (Gn 25.2,4;36.35). Os termos midianitas e ismaelitas são frequentemente usados com o mesmo sentido (v. 25) , provavelmente indicando uma união entre os dois povos. Ambos se referem aos árabes comerciantes que viajavam de uma parte a outra. Talvez vinte moedas de prata fosse o valor de um escravo naquele tempo. Por outro lado, os midianitas podem ter pago um valor menor do que a média, pois eles sabiam que alguma coisa não estava de acordo com os padrões de negociação de servos. [Conforme uma lei israelita posterior, o valor padrão pago por um escravo era 30 moedas de prata ou 30 siclos (ver Ex 21.32).] Em Gênesis 42.21, é revelado que José implorou para que seus irmãos não o vendessem, mas eles não lhe deram ouvidos. Ele nunca se livraria da escravidão egípcia, se não fosse pelo Senhor. Esta passagem é posteriormente honrada em um Salmo ( 105.17), e é traçado um paralelo entre este ato desprezível e o valor pago a Judas por trair o Salvador (Mt 27.3- 10; compare com Zc 11.12).

Gênesis 37.29 Rúben retoma, não encontra José e rasga as próprias vestes, expressando grande pesar. Rasgar as vestes era uma demonstração comum de profunda consternação. A dor de Rúben era um sentimento genuíno de aflição em relação ao seu irmão mais novo misturado ao medo de que ele, como irmão mais velho, fosse culpado pelo acontecido.

Gênesis 37.30-35 Levar a túnica coberta de sangue ao pai foi uma tentativa de enganá-lo. As vestimentas de José eram a “prova” de sua morte (ver Ex 22.13). Assim, os irmãos esperavam que Jacó confirmasse a morte de José publicamente, deixando-os livres de qualquer responsabilidade.

Gênesis 37.31, 32 Os irmãos de José usaram a túnica, o símbolo da posição privilegiada do irmão, como um terrível emblema de sua suposta morte. A vestimenta do irmão vendido era diferente porque tinha mangas longas e era colorida.

Gênesis 37.33 Certamente foi despedaçado José. O verbo em hebraico significa ser totalmente destruído. O fato de só a túnica ter sido encontrada indicaria a dilaceração total do corpo de José?

Gênesis 37.34 Então, Jacó rasgou as suas vestes, e pôs pano de saco sobre os seus lombos, e lamentou a seu filho muitos dias. Assim como Rúben, Jacó rasgou as suas vestes para expressar sua tristeza. [Mas também vestiu pano de saco, vestimenta usada durante os dias de luto e humilhação a Deus.]

Gênesis 37.35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; [Jacó] recusou, porém, ser consolado. Gênesis (34) nomeia apenas uma das filhas de Jacó, Diná. Aqui, porém, a existência de outras é aludida. E disse: Na verdade, com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura. A palavra traduzida como sepultura é sheol, que significa profundezas, reino dos mortos. A suposta morte de José só contribuiu para que o pai o amasse ainda mais e focasse a perda irreparável, em vez de voltar-se para o resto da família. Os irmãos não se beneficiaram com esta situação, mesmo sem a presença de José.

Gênesis 37.36 Potifar [Powtiyphar, pertencente ao sol] é um nome egípcio. Ele era um oficial, eunuco, capitão da guarda do rei. Talvez fosse o encarregado de guardar o palácio ou o harém. Em todo caso, Potifar era uma pessoa que possuía um cargo importante na corte real egípcia.

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