Significado de Gênesis 16

Gênesis 16

Gênesis 16 é um capítulo convincente que descreve um relacionamento complexo entre Abrão, sua esposa Sarai e sua serva Hagar. No capítulo, Sarai, que era estéril, dá Agar a Abrão como barriga de aluguel, esperando ter um filho por meio dela. Porém, o arranjo gera tensão e conflito entre as duas mulheres, com Agar se sentindo maltratada e Sarai culpando Abrão pela situação.

Além disso, Gênesis 16 levanta questões importantes sobre o papel das mulheres nas antigas sociedades do Oriente Próximo. Ele destaca a dinâmica de poder entre mulheres de diferentes status sociais e os desafios enfrentados por mulheres que não conseguem conceber. O capítulo também revela as normas sociais e culturais da época, que permitiam a prática da barriga de aluguel e a posse de escravos.

Gênesis 16 é um capítulo instigante que levanta questões importantes relacionadas a gênero, poder e normas sociais. Descreve as complexidades das relações humanas e as consequências das decisões tomadas em desespero. O capítulo prepara o cenário para eventos futuros no livro de Gênesis, incluindo o nascimento de Ismael e as tensões contínuas entre seus descendentes e os de Isaque.

Em resumo, Gênesis 16 retrata a complexa relação entre Abrão, Sarai e Hagar e as consequências de suas ações. O capítulo destaca questões relacionadas a gênero e poder nas antigas sociedades do Oriente Próximo e revela as normas sociais e culturais da época. Ele prepara o cenário para eventos futuros no livro de Gênesis e fornece informações valiosas sobre as complexidades dos relacionamentos humanos.

Comentário de Gênesis 16

Gênesis 16.1 Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos. Um dos temas principais em Gênesis é a busca por descendentes, especialmente filhos homens. Esta questão já aparece em Gênesis 4.1, com o nascimento de Caim [quando Eva declara: Alcancei do Senhor um varão]. Na vida de Abrão e Sarai, este assunto chama muito atenção (Gn 11.29, 30; 12.1-3; 15.1-4; Gn 17; 18; 21), pois, no mundo antigo, a infertilidade causava uma enorme angústia e vergonha, especialmente à mulher (Gn 25.21). Naquela época, a mulher era sempre a culpada [mesmo que a estéril não fosse ela]. Assim, quando ela não conseguia gerar filhos, seu marido podia divorciar-se e casar com outra. A manobra desesperada de Sarai para ter um filho por meio de Agar seguia os padrões da época [que considerava como legítimos filhos do casal os filhos das escravas com seus senhores].

Gênesis 16.2 A esposa de Abrão sabia que a concepção era um dom de Deus (Gn 4.1). Por isso, ela afirmou que o Senhor a havia impedido de gerar e expressou grande tristeza. Algum tempo antes, seu marido se queixara com Deus por não ter filhos (Gn 15.2). Então, Sarai propôs: Entra, pois, à minha serva. Na cultura do antigo Oriente Médio, este tipo de atitude era socialmente aceitável. As pessoas próximas a Abrão não o considerariam um indivíduo imoral. O objetivo da proposta de Sarai era claro: porventura, terei filhos dela. Na mente de Sarai, Agar, sua escrava, era apenas um meio de ela, a esposa legítima de Abrão, dar-lhe um filho. No dia do nascimento, a mulher sem filhos se despia e ficava próxima à mãe que estava dando à luz. Quando a criança vinha ao mundo, esta era colocada sobre o ventre da mulher despida. O ritual indicava que a criança nascera em interesse daquela que não podia ter seus próprios filhos.

Gênesis 16.3 Sarai e Abrão recrutaram a serva Agar após apenas dez anos de espera para que a promessa do Senhor se cumprisse. Neste ponto, Abrão teria aproximadamente 85 anos de idade e Sarai 75 (Gn 12.4; 17.17).

Gênesis 16.4 E ele entrou a Agar, e ela concebeu; e, vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos. Sarai pagou um alto preço emocional ao fazer aquilo que a sua cultura lhe permitia. Usar uma mãe substituta poderia ser conveniente e aceitável na sociedade da época, mas a aversão e o desprezo da arrogante e jovem mulher foram muito dolorosos para Sarai. Quando viu o orgulho de sua serva, Sarai se sentiu humilhada.

Gênesis 16.5 Então, disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti [...] O Senhor julgue entre mim e ti. Isto é o limite mais próximo a que se pode chegar da maldição. Estas palavras vieram do completo desespero de Sarai.

Gênesis 16.6 A frustração de Sarai fez com que Abrão tratasse Agar com bastante aspereza. Nem ela nem Abrão se comportaram bem durante os dias estressantes. A Bíblia geralmente mostra seus melhores personagens em seus piores momentos.

Gênesis 16.7 E o Anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. A maravilhosa expressão Anjo do Senhor é usada para aludir ao relacionamento pessoal de Deus com Seu povo. O termo anjo [hb. mal’ak] significa mensageiro [ou representante]. Ele estava junto a uma fonte d'água no deserto. O detalhe é bastante apropriado para a experiência de Agar. Lá estava ela, viva e carregando uma criança no ventre, sem lugar para ir e nenhum futuro. Agar era uma pessoa perdida que vagueava sem esperança até o Anjo apontar-lhe aquela fonte no deserto [como nós, antes de termos um encontro com Cristo e termos a nossa sede espiritual saciada].

Gênesis 16.8, 9 De acordo com esta passagem, o Anjo do Senhor falou diretamente com Agar (v. 9, 10, 11), perguntando-lhe: De onde vens e para onde vais? O Senhor fez estas perguntas não porque não tinha o conhecimento a respeito, mas para dar a Agar a oportunidade de expressar-se [e reconhecer sua real situação].

Gênesis 16.10 A promessa de Deus de multiplicar os descendentes de Agar é similar àquela que o Senhor fez a Abrão (Gn 15.5; 17.20; 22.15-18). A promessa foi feita para encorajar aquela mulher, e mais tarde Deus a renovaria a Agar (Gn 17.20).

Gênesis 16.11 O nome Ismael [hb. Yishmael] tem como sufixo a palavra El, Deus, e significa Deus ouvirá.

Gênesis 16.12 Esta é uma espécie de bênção mesclada, parecida com a bênção que Isaque liberou sobre Esaú. [No texto original em hebraico a palavra traduzida pela expressão homem bravo é pereh, que significa jumento selvagem (ARA)]. Isso indica que Ismael e seus descendentes seriam fortes, arredios e indomáveis. E a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele. Os descendentes de Ismael estariam sempre envolvidos em guerras. Todavia, resistiriam. De fato, cumpriram-se as palavras do Senhor a respeito dos descendentes de Ismael, os povos árabes que habitam o Oriente Médio hoje. Poucos povos citados no Antigo Testamento sobreviveram até os dias atuais. As dez nações citadas em Gênesis 15.19-21 não existem mais. Contudo, dois povos resistem: os judeus, descendentes de Isaque, e os árabes, descendentes de Ismael (Gn 17.19-22).

Gênesis 16.13-16 Apesar da origem egípcia de Agar, ela, evidentemente, tinha fé no Deus de Abrão e Sarai. Como uma pessoa que teve uma experiência pessoal com o Senhor e foi agraciada por Ele, Agar o chamou de o Deus da vista [ARC] ou o Deus que me vê [NVI]. As palavras não olhei eu também para aquele que me vê? indicam o grande encanto dela pela manifestação da graça de Deus e o sentimento de humildade na Sua presença gloriosa. Após a morte de Abraão, Isaque, o filho da promessa, viveu junto ao poço em Laai- Roi [ARC] ou Beer-LaaURoi [ARA], que significa poço daquele que vive e me vê, a oeste de Cades, no sul de Israel (ver Gn 25.11).

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