Interpretação de Efésios 4

Efésios 4

Efésios 4 concentrando-se nas implicações práticas da unidade dos crentes em Cristo. Enfatiza a necessidade da unidade no corpo de Cristo, a diversidade dos dons espirituais e a importância da maturidade e do crescimento na fé. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Efésios 4:

1. O Chamado à Unidade (Efésios 4:1-6): Paulo começa exortando os crentes de Éfeso a andarem de uma maneira digna do seu chamado em Cristo. Ele enfatiza a importância da humildade, da gentileza, da paciência e do amor para manter a unidade do Espírito. Os crentes são lembrados de que existe um corpo, um Espírito, uma esperança, um Senhor, uma fé, um batismo e um Deus e Pai de todos.

2. A Diversidade dos Dons Espirituais (Efésios 4:7-12): Paulo reconhece que cada crente recebeu a graça de diferentes maneiras, de acordo com a medida do dom de Cristo. Ele cita o Salmo 68 para ilustrar como Cristo, após Sua ascensão, deu dons à igreja, incluindo apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Esses dons têm como objetivo equipar os santos para a obra do ministério, a edificação do corpo de Cristo e a obtenção da maturidade.

3. Crescer até à maturidade (Efésios 4:13-16): Paulo explica que o propósito destes dons espirituais é ajudar os crentes a crescer até à maturidade e a tornarem-se mais semelhantes a Cristo. Ele imagina um corpo unificado onde cada parte funcione adequadamente e contribua para o crescimento do todo. Os crentes são encorajados a falar a verdade em amor e a crescer em todos os sentidos Naquele que é a cabeça, que é Cristo.

4. Despojando-se do Velho Eu (Efésios 4:17-24): Paulo instrui os crentes a não viverem mais como os gentios, na futilidade de suas mentes, mas a despojarem-se do velho eu, que está corrompido por desejos enganosos, e ser renovados no espírito de suas mentes. Eles devem revestir-se do novo eu, criado à semelhança de Deus em verdadeira justiça e santidade.

5. Aplicações Práticas da Unidade (Efésios 4:25-32): Paulo fornece exemplos específicos de como os crentes devem viver à luz da sua unidade em Cristo. Ele enfatiza a importância de falar a verdade, evitar a falsidade, controlar a raiva, trabalhar honestamente, não entristecer o Espírito Santo e perdoar uns aos outros assim como Deus em Cristo os perdoou. Os crentes são chamados a ser gentis, compassivos e perdoadores uns com os outros.

Em Efésios 4, Paulo enfatiza a importância da unidade no corpo de Cristo e da diversidade de dons espirituais dados para a edificação e crescimento da igreja. Ele destaca o objetivo da maturidade e da semelhança com Cristo e exorta os crentes a viver de uma forma que reflita a sua nova identidade em Cristo. O capítulo fornece instruções práticas para a vida cristã, concentrando-se em atitudes e comportamentos que promovem a unidade, a verdade e o amor dentro da comunidade dos crentes. Em última análise, Efésios 4 sublinha a importância da igreja como corpo de Cristo, onde cada membro tem um papel vital a desempenhar na construção do todo.

Interpretação

A Caminhada Digna. 4:1-16.
Deus sempre une doutrina com prática, ensinamentos e os resultados práticos dos ensinamentos. Em Ef. 1-3 Ele nos falou das riquezas da Sua graça e das riquezas da Sua glória por meio de Jesus Cristo. Agora Ele nos exorta a vivermos de maneira digna neste mundo.

A Unidade do Espírito. 4:1-6.
Deus realizou uma unidade maravilhosa que os crentes têm a responsabilidade de manter na experiência.

4:1. Pois. Como geralmente acontece nas epístolas de Paulo, esta exortação está sendo feita com base nos ensinamentos que a precederam (cons. Rm. 12: 1). O prisioneiro no Senhor. Isto é. o prisioneiro por amor do Senhor (cons. Ef. 3:1). Rogo-vos. Esta palavra, que no original se encontra realmente no começo, para maior ênfase, é uma súplica, um encorajamento. Deus, é claro, tem o direito de ordenar e exigir, mas Ele, em lugar disso, roga, suplica, porque Ele quer um serviço prestado por submissão, de boa-vontade. Que andeis de modo digno. A palavra andeis tem sido usada muitas vezes nas Escrituras em relação à nossa conduta, nosso comportamento, nosso modo de vida (cons. Introdução). De modo digno. Não para que mereçamos o que Deus fez, mas para andarmos de modo condizente com o que Ele fez por nós. Não nos tornamos cristãos vivendo a vida cristã; antes, somos exortados a vivermos uma vida cristã porque somos cristãos, para que as nossas vidas estejam de acordo com a nossa posição em Cristo (cons. Fp. 1:27). Vocação. Nossa vocação está descrita como uma vocação celeste e santa (cons. Hb. 3:1; II Tm. 1:9).

4:2. Humildade mansidão. Essas virtudes só podem ser produzidas pelo Espírito de Deus que habita no crente. São totalmente estranhas à carne e desafortunadamente raras na vida de muitos cristãos. Humildade implica na ideia de simplicidade; mansidão significa gentileza (veja Trench). Longanimidade é a conservação de uma atitude tranquila diante da adversidade e perseguição.

4:3. Esforçando-nos diligentemente por preservar. Deus sabia que isto não seria sempre possível porque uma pessoa sozinha não pode manter a união. Observe que Paulo não exige que o cristão faça a unidade, pois só Deus pode criar o laço; mas é responsabilidade dos crentes o esforço de resguardá-lo. Esta é a unidade do Espírito. Isto é, a unidade que foi moldada pelo próprio Espírito Santo, e o Seu laço ou ligamento é de paz.

4:4. Somente um corpo. O organismo composto do Senhor Jesus Cristo na qualidade de Cabeça e de todos os crentes nEle. É a nova criação, o corpo mencionado antes na epístola (1:23). Somente... um Espírito. O Espírito Santo mesmo é a vida que impregna cada parte do corpo.

4:5. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Observe a ênfase que foi dada à unidade em todo o trecho. O batismo é sem dúvida o batismo do Espírito Santo – o ministério do Espírito pelo qual fomos colocados no corpo de Cristo (I Co. 12: 13).

4:6. As três Pessoas da Divindade são mencionadas nestes versículos na ordem inversa da que geralmente é dada: somente... um Espírito (v. 4); um só Senhor (v. 5), isto é, o Senhor Jesus; um só Deus e Pai (v. 6). O qual é sobre todos, etc. Temos aqui um relacionamento triplo de um só Deus e Pai com todos os que são Seus. Ele é sobre todos. Isto expressa Sua soberania, Sua transcendência. Ele age por meio de todos, "expressando a presença permeadora, animadora e controladora desse um só Deus e Pai" (Salmond). E está em todos. Esta é a constante habitação dEle em Seu povo – todas as Pessoas do Deus triúno, segundo diversas passagens das Escrituras, habitam o crente.

O Dom de Cristo. 4: 7-12.
O Senhor que subiu ao céu deu dons à Sua Igreja para edificá-la.

4:7. A cada um de nós. Isto se limita aos crentes nEle. A graça foi concedida. Não graça salvadora, mas graça como um dom concedido aos crentes – favor de Deus, imerecido e irrecompensável. Segundo a proporção. Uma medida que é imensurável.

4:8. Por isso diz. A citação é do Sl. 68:18. A conexão não está bastante clara. Mas diz que o Senhor Jesus, na Sua ascensão, levou cativo o cativeiro; isto é, Ele capturou aquilo que nos tinha capturado, e anulou o seu poder. E concedeu dons. Em algumas passagens das Escrituras menciona-se dons que o Senhor deu a indivíduos; por exemplo, I Co. 12. Aqui os dons são aquelas pessoas com diversas capacidades, as quais Ele deu à igreja.

4:9. O apóstolo, comentando a citação, menciona que o Senhor Jesus desceu primeiro, antes de subir. Alguns aceitam isto como uma referência feita à morte de Cristo e à Sua assim chamada visita ao Hades. Parece mais provável, entretanto, que é simplesmente uma referência à Sua vinda do céu. Ele desceu às regiões inferiores da terra – genitivo de aposição (cons. Jo. 3: 13).

4:10. Acima de todos os céus. Cons. Hb. 4: 14.

4:11. E ele mesmo concedeu uns. Os diversos tipos mencionados são dons de Cristo à igreja. Apóstolos. Foi um ofício especial nos primórdios da igreja. Os apóstolos não tiveram sucessores. Executaram uma obra única para o Senhor Jesus (cons. 2:20). Profetas. O profeta era um porta-voz de Deus. Conforme geralmente usado nas Escrituras, este termo se refere a alguém que recebeu uma revelação direta, a qual deve ser transmitida aos homens (cons. 2:20). No sentido mais restrito do termo, este ofício foi também temporário na igreja, pois não houve mais profetas no sentido técnico depois de completado o N.T. Evangelistas. Aqueles que proclamam as boas novas – aqueles que pregam o Evangelho. Pastores e mestres. Esses does termos estão juntos. A primeira palavra significa aquele que cuida das ovelhas. Aqueles que são pastores do rebanho também são doutores (professores). O verdadeiro pastor deve proceder em um ministério de pregação expositiva da Palavra.

4:12. Ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço. Esses dons foram dados por Deus à Igreja para o aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço. Isto é, é do interesse de todos os santos – não de alguns poucos líderes apenas – executar a obra do ministério. Os líderes têm o propósito de aperfeiçoar ou equipar os crentes na execução desta obra. Muitas igrejas locais, hoje em dia, não seguem esta ideia do N.T. É prática comum deixar que o pastor exerça o ministério. Às vezes o pastor acha que, temporariamente, é mais fácil ele mesmo fazer a obra do que treinar outros para fazê-la. Mas sua tarefa é treinar obreiros, e a longo prazo seu ministério será mais eficiente se o fizer.

A Unidade da Fé e do Conhecimento. 4:13-16.
A unidade dos crentes em Cristo tende para uma unidade na fé e no conhecimento.

4:13. A unidade da fé. A fé em si mesma já é uma porção limitada da verdade. Ao considerarmos isto, somos consequentemente unidos uns aos outros. À perfeita varonilidade. Não uma referência ao crente individual, mas ao homem composto; isto é, ao corpo do qual Cristo é a Cabeça.

4:14. Para que não mais sejamos como meninos. Literalmente, criancinhas. Levados ao redor. Levados pelo vento, o qual foi usado aqui de modo figurado, naturalmente – vento de doutrina. Pela artimanha dos homens. A palavra que foi traduzida para artimanha significa originalmente jogo de dados. Passou, então, a significar trapaça de todo tipo, por causa das muitas trapaças usadas para se roubar no jogo dos dados. A única maneira de estarmos mantos para perceber o erro é pelo conhecimento da verdade; por isso devemos chegar ao conhecimento do Filho de Deus, à maturidade cristã. Uma pessoa não precisa estudar cada nota falsificada a fim de reconhecer que uma determinada nota está falsificada. Só precisa conhecer o artigo genuíno.

4:15. Seguindo a verdade em amor. É possível seguir a verdade e não fazê-lo em amor. Literalmente, apegando-se à verdade. Cresçamos em tudo naquele. Deus quer que sejamos maduros ou adultos. Temos uma Cabeça absolutamente perfeita, o próprio Cristo.

4:16. Observe a perfeição do corpo. Como o corpo humano foi intricadamente ajustado! Por isso é uma ilustração adequada do corpo de Cristo. Houve quem dissesse que nem todos podem ser os membros maiores, mas as juntas também são muito importantes. Todas as partes trabalham juntas (cons. I Co. 12; Rm. 12).

A Caminhada Diferente. 4:17-32.
As Escrituras, tanto no Velho como no Novo Testamento, enfatizam que o povo de Deus tem de ser diferente do povo do mundo.

Descrição da Caminhada dos Gentios. 4:17-19.
Os gentios são “ovelhas desgarradas” (I Pe. 2:25; cons. Is. 53:1). Os crentes têm um grande e bom Pastor para seguirem.

4:17. Isto, portanto, digo. A caminhada cristã foi descrita de diversos modos nesta passagem. Temos aqui uma descrição negativa. Testifico. Protesto, exorto, ou imploro. Não mais andeis. Agora suas vidas têm de ser diferentes. Como andam também os outros gentios. (E.R.C.). Esse andar foi descrito em 2:2. A maior parte dos efésios tinham antecedentes gentios. Alguns manuscritos não trazem a palavra outros. Portanto, que não mais andeis como também andam os gentios. Diante de Deus, os crentes no Senhor Jesus Cristo já não são mais nem judeus, nem gentios (cons. I Co. 10:32). Na vaidade dos seus próprios pensamentos. A palavra que foi usada para vaidade parece significar perversidade ou depravação nesta instância.

4:18. Obscurecidos de entendimento. Cons. II Co. 4:4. Alheios à vida de Deus. Cons. 2: 12. Dureza dos seus corações. Literalmente, percepção obtusa (cons. Mc. 3: 5).

4:19. Tornado insensíveis. Cons. I Tm. 4:2. Impureza. Não apenas indulgência com a impureza, mas também um desejo cúpido de prosseguir nela. Uma declaração pitoresca da natureza insaciável do desejo pecaminoso.

O Despojar do Velho e o Revestir do Novo. 4:20-24.
A Vida Cristã é comparada com o tirar de uma roupa para vestir outra. Não é uma referência à nossa posição em Cristo, mas à nossa experiência. É possível ser um novo homem em Cristo Jesus e continuar vivendo como o “homem velho”, isto é, continuar usando a roupa do “homem velho”.

4:20. Mas. Um contraste com o precedente. Não foi assim que aprendestes a Cristo. Essa é a mais importante de todas as matérias que alguém pode estudar.

4:21. Se é que de fato o tendes ouvido, e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus. Aquilo que eles aprenderam depois de ouvirem sobre o Senhor Jesus Cristo deveria tê-los feito melhorar suas vidas, pois cristãos devem agir como cristãos, não como os pagãos que não são cristãos.

4:22. Quanto ao trato passado... do velho homem. Isto é, a natureza adâmica, aquilo que somos em nós mesmos. Que se corrompe segundo as concupiscências do engano. As Escrituras ensinam que na velha natureza não existe nada de bom (cons. Rm. 7:18).

4:23. E vos renoveis. Cons. Rm. 12:2.

4:24. E vos revistais do novo homem. Relacionado com o precedente, o produto do novo nascimento. Com referência ao conflito entre a natureza velha e a nova, veja Rm. 7 e Gl. 5:16, 17. Segundo Deus. De acordo com Deus é o Criador do novo homem.

Aplicação Prática. 4:25-32.
Em Sua Palavra, Deus nunca ensina a verdade de maneira abstrata, mas sempre faz uma aplicação concreta.

4:25. Por isso. Com base no precedente; isto é, nossa posição em Cristo. Deixando a mentira. Observe o negativo e o positivo. Não basta simplesmente nos abstermos da mentira; é preciso também contar a verdade (cons. Zc. 8:16). Somos membros. Não apenas membros de Cristo, mas uns dos outros (Rm. 12:5).

4:26. Irai-vos, e não pequeis. Há uma coisa chamada de ira justa, embora o termo tenha sido muito abusado. O apóstolo diz que se você está irado, certifique-se de que é o tipo de ira que não é pecaminoso. Não se ponha o sol sobre a vossa ira. “Até mesmo a ira justa quando sofre tolerância excessiva transforma-se muito facilmente em pecado” (Salmond).

4:27. Não deis lugar ao diabo. Cons. II Co. 2:10, 11; Ef. 6:10 e segs.

4:28. Antes trabalhe. O cristão, além de não dever roubar, deve também trabalhar pelo bem-estar seu e de sua prática. As Escrituras recomendam o trabalho honesto (cons. I Ts. 4: 11. 12). Na verdade, o apóstolo afirma que aquele que não quiser trabalhar não deve comer (II Ts. 3: 10). Acudir ao necessitado. Eis aí a base da genuína caridade cristã.

4:29. Nenhuma palavra torpe. A palavra traduzida para torpe significava originalmente podre ou pútrido. Vemos novamente a enfatização do positivo – unicamente a que for boa.

4:30. E não entristeçais o Espírito de Deus. Aquilo que entristece o Espírito Santo é pecado. O remédio é a confissão (cons. I Jo. 1:9). Embora o Espírito Santo possa ser entristecido, Ele jamais abandona o crente. Ele é o nosso selo. Fomos selados por Ele para o dia da redenção (cons. Ef. 1:13). Ele é a garantia de que a nossa redenção será completada.

4:31. Alguns dos pecados que entristecem o Espírito Santo são agora particularizados. Embora alguns cristãos só classificariam de pecados aquelas iniquidades grosseiras que até mesmo o mundo reconhece como erro. Deus menciona coisas da mente e do espírito, além daquelas relacionadas com o corpo.

4:32. O tema do despojar e do revestir destaca-se através de toda a seção. Viver a vida cristã não é simplesmente obedecer a uma lista de proibições; é cultivar virtudes positivas. Sede uns para com os outros benignos. O verbo aqui significa “continuar revelando-se benigno”. Compassivos. A tradução inglesa é muito boa (de coração compassivo). A palavra no original tem sido muito mal interpretada, conforme se vê de sua frequente tradução, noutras passagens, como entranhas. “Coração” é o certo. No grego clássico essa palavra se refere aos órgãos da parte superior da cavidade do corpo; especificamente o coração, pulmões e fígado, distinguindo-se dos órgãos da cavidade inferior (veja léxico). Perdoando-vos uns aos outros. A única maneira de sermos capacitados a perdoar é através do perdão que nós mesmos já recebemos por amor a Cristo. Assim como o amor de Deus produz o nosso amor, a nossa tomada de consciência do perdão de Deus produz o nosso perdão aos outros (cons. I Jo. 4: 19).