Tolice Entre os Governantes — Eclesiastes 10:16-20

Tolice Entre os Governantes — (leia Eclesiastes 10:16-20) A tolice já é bastante ruim quando se evidencia no cidadão comum. Mas, quando os governantes deixam de usar de bom senso e de bom critério, causa a ruína do governo e prejuízo aos seus súditos. “O que será de ti, ó terra”, pergunta Salomão, “quando teu rei é rapaz e os teus próprios príncipes continuam a comer até mesmo de manhã?” (Ecl. 10:16) É deveras lamentável quando um governante tem as caraterísticas dum jovem inexperiente e está cercado por príncipes ou conselheiros que não têm interesse nos assuntos do estado. Se passarem seu tempo comendo de manhã, quando deviam cuidar de seus deveres, o reino se desfará.

Contrastando com isso o efeito duma boa administração governamental, Salomão prossegue: “Feliz és, ó terra, quando teu rei é filho de nobres [sendo ele mesmo, portanto, governante sábio e nobre] e teus próprios príncipes comem no tempo devido para ter potência [a fim de recuperar as energias para o seu trabalho], não para somente beber [não se entregando à gratificação dos próprios desejos].” (Eclesiastes 10:17) Sim, os governantes sábios podem contribuir muito para a felicidade de seus súditos.

A expressão proverbial introduzida a seguir por Salomão ilustra que haverá ruína e decadência quando se deixa de fazer o trabalho vital. Lemos: “Pela grande preguiça arria o vigamento, e pelo abaixamento das mãos a casa tem goteiras.” (Eclesiastes 10:18) A casa que não é mantida em bom estado de conservação cai em decadência. O telhado cederá e apresentará goteiras. Do mesmo modo, haverá ruína se não se cuidarem devidamente dos assuntos de estado.

Neste ponto, Salomão apresenta outra expressão proverbial: “O pão é para o riso dos trabalhadores, e o próprio vinho alegra a vida; mas o dinheiro é o que encontra resposta em todas as coisas.” (Ecl. 10:19) Uma refeição, junto com conversação agradável, pode ser muito deleitosa. Mas não se consegue o pão sem dinheiro, e a alegria de tomar vinho é limitada quando alguém tem poucos meios de vida. No atual sistema, o dinheiro é o meio pelo qual todas as coisas materiais podem ser obtidas, e, por isso, “encontra resposta em todas as coisas”. A ideia da declaração de Salomão talvez seja que o homem, pela diligência, pode obter o dinheiro de que precisa para ter pão e vinho, para os confortos que aumentam o prazer da vida.

A seguir, Salomão admoesta: “Não invoques o mal sobre o próprio rei nem mesmo no teu quarto de dormir, e não invoques o mal sobre o rico nos quartos interiores, onde te deitas; pois uma criatura voadora dos céus transmitirá o som e o que tem asas contará o assunto.” (Ecl. 10:20) Caso a classe governante negligencie os assuntos de estado, o sábio mesmo assim não se arrisca desnecessariamente. Se não estiver no seu poder corrigir a situação, de que proveito seria murmurar ou queixar-se na parte mais recôndita da casa? Talvez pense que ninguém o escute. Mas, às vezes, as coisas vêm à tona da maneira mais incomum e inesperada. Portanto, por que pôr em perigo sua paz e segurança por fazer observações pouco criteriosas sobre outros em autoridade? (Veja Mateus 12:36, 37; Romanos 13:1; Tito 3:1, 2; 1 Pedro 2:13-17.) Quão prático é o conselho de Salomão!