Eliú Refuta a Primeira Quixa de Jó — Jó 34:10-33

QUIXA, PRIMEIRA, ELIÚ, JÓ, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGIA
Jó queixa-se de que Deus procedeu injustamente para com ele. Com toda a convicção de que é capaz a sua piedosa natureza, Eliú afirma que Deus é justo e que colocou o homem num universo moral (v.10-12). O homem colhe o que semeia, seja a sementeira boa ou má. Baseia a sua afirmação em várias considerações. Em primeiro lugar, a autoridade absoluta só a Deus pertence. Não lhe foi passada por qualquer outra entidade poderosa (v.13). Se assim fosse, o Seu governo poderia ser caracterizado pela indiferença ou pelo egoísmo. Mas egoísmo da parte de Deus eqüivaleria à destruição instantânea do universo (v.14-15). Para o vers. 14a adote-se a versão: “Se Ele pusesse o Seu coração em si mesmo”. A vida humana deve a sua existência e manutenção ao fôlego de Deus. Onde pois se encontrará motivo de injustiça num tal Deus?

Argumenta, em seguida, que a própria persistência do domínio divino pressupõe justiça nesse domínio (v.17). A acusação de injustiça já é séria quando visa a monarcas terrenos (v.18), pois que a justiça indevidamente ou injustamente administrada tem em si as sementes da ruína (cfr. Mt 12.25); mas que se dirá quando essa acusação visa ao próprio Deus, o Criador de todos os homens, sejam eles ricos ou pobres, príncipes ou mendigos, que não faz acepção de pessoas e de todos cuida igualmente? (v.19). Como é possível apodar de injusto um tal Deus?

Até agora Eliú explorou um terreno de certo modo teórico. Mas em breve passa a considerações de caráter mais prático. A onisciência de Deus, é uma garantia da sua justiça (v.20-28). Príncipes e plebeus sentem igualmente o peso do poder divino. Sem mão (v.20) significa “sem instrumentalidade humana”. Interprete-se o versículo 23 à luz do anseio de Jó expresso em Jó 24.1: “Por que não estabelece, o Todo-Poderoso, tempos de Juízo?” O conhecimento divino dos caminhos do homem e a sentença que sobre eles pronuncia são simultâneos.

No vers. 29 Eliú passa da contemplação geral da atuação divina na história para o caso de Jó. Nas palavras seja para com um homem só adivinha-se a intenção: “esse homem és tu”. Para o vers. 29a adote-se a versão: “Quando ele dá o sossego, quem poderá condenar?” O argumento do versículo parece ser: quer conheçam dias de tranqüilidade, no sereno gozo da presença de Deus, quer percam de vista o Seu rosto nas tribulações que lhes possam sobrevir, todos-nações ou indivíduos-devem acatar humildemente a Sua vontade. A Sua justiça é justamente administrada para bem dos homens (v.30). Eliú pergunta então a Jó se algum homem que fale a linguagem da penitência (v.31-32) ousará impor a Deus a espécie de castigo que há de receber. Para que tu a desprezes (v.33). Leia-se “porque tu a desprezas”. O sentido do versículo é: “Ditarás tu, a Deus, a recompensa que hás de receber simplesmente porque desprezas a que Ele te deu?” Note-se como Eliú vinca bem a sua separação de Jó.

Em seguida Eliú invoca o veredito dos homens de entendimento em relação à rebelião das palavras de Jó (v.34-37). Para Eliú a rebelião de Jó é mais terrível que as suas tribulações. E até que cesse essa rebelião, as tribulações persistirão para seu bem. Bate palmas (v.37). Ver Jó 27.23n.