A Busca de Sabedoria de um Rei — Eclesiastes 2:12-25

A Busca de Sabedoria de um Rei — Eclesiastes 2:12-25


O Rei Salomão fez uma investigação cuidadosa dos assuntos humanos. Ele tinha o tempo, os recursos e a perspicácia para ser cabal na sua pesquisa. Este é o motivo pelo qual se pode tirar imensurável proveito do exame daquilo que Salomão descobriu e registrou no livro de Eclesiastes.

Trazendo à atenção a inutilidade de outros tentarem empreender um estudo similar, o sábio escreveu: “Eu é que me virei para ver sabedoria, e doidice, estultícia; pois o que pode fazer o homem terreno que entra depois do rei? A coisa que já se fez.” (Eclesiastes 2:12) Sim, com muito menos vantagens e recursos do que os dum rei, o que poderia fazer o homem comum? Tentar ele fazer o que Salomão fez só cobriria parte do mesmo terreno, fazendo o que outros já fizeram. Não se aprenderia nada de novo quanto ao que torna a vida realmente satisfatória.

Então, o que descobriu Salomão? Ele prossegue: “Eu é que vi que há mais vantagem na sabedoria do que na estultícia, do mesmo modo como há mais vantagem na luz do que na escuridão.” (Eclesiastes 2:13) Quem tem sabedoria certamente está em melhor situação do que aquele que não a tem. A sabedoria habilita a pessoa a lidar com os problemas da vida e a usar suas energias e capacidades com mais objetivo, do que se tivesse perspicácia muito limitada. Pode-se conseguir muito mais na luz do que na escuridão total.

“Quanto àquele que é sábio”, escreveu Salomão, “tem os olhos na cabeça; mas o estúpido está andando em profunda escuridão”. (Ecl. 2:14) Quem é sábio mantém os olhos abertos. Estão na “cabeça” dele no sentido de que servem à sua faculdade intelectual. Por isso é capaz de enxergar cabalmente a questão envolvida e não andar perdido, na tentativa fútil de atingir certo alvo. O estúpido, porém, está em escuridão; seus olhos estão fechados e não têm nenhum valor para discernir o proceder certo a adotar.

Não obstante, a vantagem da sabedoria sobre a tolice não significa que a sabedoria humana pode trazer genuína felicidade e satisfação duradoura. Isto é o que Salomão reconhece a seguir: “Também eu é que vim a saber que há um só evento consequente que sucede eventualmente a todos eles. E eu mesmo disse no meu coração: Um evento consequente igual a este para o estúpido sucederá eventualmente a mim, sim, a mim.’ Então, por que é que me tornei sábio, extremamente assim naquele tempo? E falei no meu coração: ‘Também isto é vaidade.’ Porque não há mais recordação do sábio do que do estúpido, por tempo indefinido. Nos dias que já estão entrando, todos já estão esquecidos; e como morrerá o sábio? Junto com o estúpido.” (Ecl. 2:14-16) De modo que, quanto à morte, não há evidente benefício em ter sabedoria mundana. Todas as obras que se fizeram e todas as atividades são reduzidas a nada. Por fim, o falecido, não importa quão sábio tenha sido, é esquecido pelos vivos.

Mas, não há nenhuma vantagem em alguém poder deixar para trás uma herança para seus descendentes, em resultado do seu uso sábio dos recursos? Isto também é algo sobre o qual ninguém pode ter certeza. Salomão comenta: “Odiei a vida, porque o trabalho que se tem feito debaixo do sol tem sido calamitoso do meu ponto de vista, pois tudo era vaidade e um esforço para alcançar o vento. E eu é que odiei toda a minha labuta em que trabalhava arduamente debaixo do sol, que eu deixaria atrás para o homem que viria a suceder-me. E quem sabe se ele se mostrará sábio ou estulto? No entanto, assumirá o controle sobre toda a minha labuta em que trabalhei arduamente e em que mostrei sabedoria debaixo do sol. Também isto é vaidade. E eu mesmo me voltei para fazer meu coração desesperar de toda a labuta em que tinha trabalhado arduamente debaixo do sol. Pois há um homem cujo trabalho árduo foi com sabedoria, e com conhecimento, e com proficiência, mas ao homem que não trabalhou arduamente em tal coisa se dará o quinhão daquele. Também isto é vaidade e uma grande calamidade.” — Ecl. 2:17-21.

Realmente, não há maneira de saber exatamente o que acontecerá com a herança que alguém talvez deixe atrás. Aqueles que recebem a herança, por não terem trabalhado arduamente por ela, talvez nem apreciem seu valor e talvez desperdicem tudo. De que proveito, então, é todo aquele trabalho árduo feito para adquirir bens? Ainda pior é a situação se aquele que trabalhou arduamente sofreu muita dor e vexame, e não conseguiu nem mesmo uma boa noite de descanso, por causa de todas as suas preocupações e ansiedades. Salomão expressa isso do seguinte modo: “Pois, o que é que o homem vem a ter de todo o seu trabalho árduo e do esforço de seu coração com que trabalha arduamente debaixo do sol? Porque todos os seus dias sua ocupação significa dores e vexame, também durante a noite seu coração simplesmente não se deita. Também isto é mera vaidade.” — Ecl. 2:22, 23.

Em vista desta situação, o que se pode fazer? Salomão responde: “Para o homem não há nada melhor do que comer, e deveras beber, e fazer sua alma ver o que é bom por causa do seu trabalho árduo. Isto também tenho visto, sim eu, que isto procede da mão do verdadeiro Deus. Pois, quem come e quem bebe melhor do que eu?” (Ecl. 2:24, 25) Deve-se usufruir os frutos de seu trabalho durante a vida. Naturalmente, é apenas natural que os pais também pensem nos seus filhos. O apóstolo cristão Paulo escreveu: “Os filhos é que não deviam acumular para os seus pais, mas os pais para os seus filhos.” (2 Coríntios 12:14) Entretanto, isto não quer dizer que os pais devem acumular bens materiais para seus filhos a ponto de privar-se das necessidades da vida ou de tornar a sua própria vida desnecessariamente austera. Os pais precisam lembrar-se de que, não importa quão bons e sábios seus filhos sejam, os bens materiais podem perder-se, ser roubados, mal usados ou destruídos. Por isso, é mesmo melhor usufruir as boas coisas de modo sadio enquanto se pode, em vez de ir ao extremo de acumular bens para os filhos, sem tirar qualquer benefício real destes bens para si mesmo, durante a sua própria vida.