Assunto da Ressurreição na Igreja de Corinto

Assunto da Ressurreição na Igreja de Corinto
Paulo aborda o tópico da ressurreição do corpo, um conceito estranho para o pensamento grego. Alguns atenienses, inteiramente céticos ou quando muito esperançosos quanto à imortalidade da alma, tinham escarnecido de Paulo ao aludir o apóstolo à ressurreição do corpo. Pois pensavam que o corpo serve de empecilho para a alma, e assim não haveriam de querer acreditar na ressurreição. (Ver Atos 17:32 e pág. 265) Essa predisposição contra a doutrina da ressurreição física estava levando alguns crentes coríntios a duvidar e mesmo a negar a futura ressurreição. Por enquanto não negavam ainda a ressurreição de Cristo, mas Paulo podia perceber que esse seria o resultado lógico daquela maneira de pensar. Por conseguinte, argumenta ele com base na passada ressurreição de Cristo, como um fato comprovado, e daí passa para a futura ressurreição dos homens. E ele tinha os crentes particularmente em mira.

Cf. Casamento e Divórcio na Igreja de Corinto
Cf. Uso do Véu na Igreja de Corinto
Cf. Ceia do Senhor na Igreja de Corinto
Cf. Divisões na Igreja de Corinto

O grande capítulo sobre a ressurreição tem início com um famoso sumário do evangelho, bem como uma lista de aparições do Cristo ressurreto, o que Paulo jamais teria ousado incluir com tão desabrida confiança, a menos que, de fato, houvesse testemunhas disponíveis. Ao registrar. “...eu recebi...”, no tocante a esse material, Paulo indica que estava citando uma declaração confessional extraída da tradição cristã, mais antiga que a data da escrita de I Coríntios. Avança o apóstolo para a descrição do corpo ressuscitado e para uma analogia entre a morte em Adão e a vida em Cristo. Alguns rabinos ensinavam que o corpo ressuscitado será exatamente idêntico ao corpo físico atual. Paulo afirma que não - e o corpo ressuscitado terá continuidade com o corpo presente, mas estará adaptado às condições espirituais da existência eterna e celestial. Esse capítulo chega a seu zênite em uma explosão de louvor triunfal. Ler I Coríntios 15.

Várias explicações têm sido aventadas para a alusão ao batismo pelos mortos, no versículo vinte e nove. Talvez se refira meramente àqueles que se convertiam e eram batizados impulsionados pelo desejo de se reunirem a seus entes amados e amigos crentes, por ocasião da ressurreição. Ou talvez Paulo aludisse a um batismo vicário no sentido mais prenhe, embora tenha lançado mão da ideia apenas como um argumento, sem jamais ter querido dar a entender uma prática real (“...que farão eles ...?” e “...por que se batizam eles por causa deles?”, em oposição a “nós”, que figura no próximo versículo). Noutras palavras, Paulo estava frisando a incoerência daqueles que se submetiam a batismo em favor dos próprios mortos cuja futura ressurreição eles negavam. O combater “com feras”, no versículo trinta e dois, mui provavelmente é conceito usado como metáfora. (Comparar com a carta de Inácio a Roma, v.1.)