Estudo das Palavras de M. Vincent: João 3:8-10

EVANGELHO DE JOÃO, GREGO, ESTUDO BÍBLICO3:8 - O vento (το πνευμα)
Alguns traduzem por “espírito”, como Wyc., o espírito sopra para onde ele quer. No hebraico, as palavras “espírito” e “vento” são identicas. Πνευμα vem de πνεω “respirar” ou “soprar”, o verbo usado nesse versículo (soprar), é visto em muitos logares no Novo Testamento do soprar do vento (Mat 7:25, 7:27; Luc 12:55; João 6:18). Ela frequentemente ocorre no grego clássico no sentido de vento. Assim, Aristófanes, το πνευμ ελαττον γιγνεται, o vento está de dissipando (“Knights,” 441), também no Novo Testamento, Heb 1:7, onde a tradução correta é, “que faz de Seus anjos ventos,” citado do Salmos 103:4 (Sept.). Na Septuaginta, 1Rs 18:45; 19:11; 2Rs 3:17; Jó 1:19. No Novo Testamento, no sentido de respiração, 2Tess 2:8; Ap 11:11. A tradução comum, “vento”, é confirmado aqui pela verbo relacionado πνει, “sopra”, e por φωνην, “som, voz”. Tholuck acredita que a figura pode ter sido sugerida por Jesus devido ao som do vento noturno através das paredes estreitas da rua.

Onde quer (οπου θελει)
Sobre o verbo θελω, querer ou determinar, veja em Mat 1:19. Listeth [1] é do inglês antigo que significa prazer, desejar, que vem do Anglo-Saxon “luxúria”, querendo dizer “prazer”. Chaucer tem as formas leste, lust, e list.

“O vinho estava forte e bom de beber.”
“Canterbury Tales,” 752.

“Ame se desejas.”
“Canterbury Tales,” 1185.

“Ela andava para cima e para baixo como o empregado cobiça (onde quer que ela deseje).”“Canterbury Tales,” 1054.

“Um miserável [acometido não pela força, mas, sim, pelo medo], como Aníbal, Repele nossas tropas e conquista como ela deseja.” Shakespeare, “Henry VI.,” Pt. I., i., v., 22.

Portanto, “listless” significa ser desprovido de desejo. A afirmação de Jesus não pretende ser cientificamente precisa, mas é, antes, colocada em uma forma poética, relacionado com a expressão familiar “free as the wind.”[2] Compare com 1Cor 12:11; e para a descrição mais prosaica do curso do vento, veja Ecl 1:6.

Som (φωνην)
Rev., voz. Usado tanto no que diz respeito a pronunciamento articulados e não articulados, como das palavras vindas do céu no batismo e na transfiguração de Jesus (Mat 3:17; 2Ped 1:17, 1:18); da trombeta (Mat 24:31; 1Cor 14:8), e das coisas inanimadas no geral (1Cor 14:17). João Batista chama a si mesmo de φωνη, “uma voz”, e a palavra é usada do vento, como aqui, em Atos 2:6. Do trovão, frequentemente em Apocalipse (Ap 6:1; 14:2, etc.).

Não podes dizer (ουκ οιδας)
Melhor como a Rev., “não sabes”. Socrates, (Xenophon's “Memorabilia”), diz, “Os instrumentos das deidades também acharás imperceptível; pois o thunderbolt, por exemplo, embora seja claro que seja enviado de cima, e opera sua vontade com qualquer coisa que entre em contato, ainda assim nunca é visto se aproximando, ou surpreendendo ou se recuando; os ventos, também, são eles mesmos invisíveis, embora seus efeitos sejam evidente para nós, e percebamos seu curso” (iv. 3, 14). Compare com Ecl. 11:5.

Assim
Assim a influência do Espírito invisível dá evidência visível de seu poder.


3:9 - Essas coisas
Tal como o novo nascimento.

Ser (γενεσθαι)
Literalmente, “vir a ser”.

3:10 - Respondeu e disse
Veja em João 2:18.

És mestre de Israel (συ ει ο διδασκαλος του Ισραηλ)
O συ, tu, é enfático. Um mestre é mais corretamente traduzido pela Rev., o instrutor. Não de forma irônica, mas o artigo ressalta a relação oficial de Nicodemos com o povo, e dá força adicional ao contraste das seguintes palavras. Similarmente Platão: “Irás tu (συ, enfático), ó instrutor da verdadeira virtude, fingir que és justificado nisso?” (“Crito,” 51). Sobre “Israel,” veja em João 1:47. A palavra ocorre quatro vezes no Evangelho de João; aqui e em João 1:31, 47, 49.

Não sabes (ου γινωσκεις)
Veja em João 2:24. Nicodemos não é reprovado pela falta de conhecimento prévio, mas pela falta de percepção ou entendimento quando essas verdades são expostas para ele. Rev., melhor, não entendes.


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Notas
[1] Em inglês, não tem correspondente. N do T
[2] De graça como o vento. N do T

Fonte: Vincent's Word Studies, de Marvin R. Vincent, D.D. Baldwin Professor de Literatura Sagrada na Union Theological Seminary de Nova Iorque. (1886)