O Judaísmo sob o Domínio Romano

ROMANO, DOMÍNIO, JUDAISMO, ESTUDO, TEOLOGIAO Judaísmo sob o Domínio Romano
(Enciclopédia Bíblica Online)


O judaísmo do primeiro século da Era Comum se encontrava num estágio ímpar. Max Dimont diz que estava espremido entre “a mente da Grécia e a espada de Roma”. As expectativas judaicas eram elevadas, devido à opressão política e às interpretações de profecias messiânicas, especialmente as de Daniel. Os judeus estavam divididos em facções. Os fariseus frisavam uma lei oral, em vez de sacrifícios no templo. Os saduceus enfatizavam a importância do templo e do sacerdócio. E havia ainda os essênios, os zelotes e os herodianos. Havia desacordo entre todos, religiosa e filosoficamente. Líderes judeus eram chamados de rabinos (mestres, instrutores), os quais, por causa de seu conhecimento da Lei, aumentaram em prestígio e se tornaram um novo tipo de líderes espirituais.

No entanto, as divisões internas e externas do judaísmo continuaram, especialmente na terra de Israel. Por fim, irrompeu rebelião aberta contra Roma e, em 70 EC, tropas romanas sitiaram Jerusalém, desolaram a cidade, queimaram totalmente o seu templo e dispersaram seus habitantes. Por fim, Jerusalém foi decretada uma área totalmente vedada aos judeus. Sem templo, sem terra, com seu povo disperso por todo o Império Romano, o judaísmo necessitava de uma nova expressão religiosa para sobreviver.

Com a destruição do templo, os saduceus desapareceram, e a lei oral que os fariseus haviam promovido tornou-se a peça central de um novo judaísmo rabínico. Estudos mais intensos, oração e obras de piedade substituíram os sacrifícios no templo e as peregrinações. Assim, o judaísmo podia ser praticado em qualquer lugar, em qualquer ocasião, em qualquer ambiência cultural. Os rabinos assentaram por escrito essa lei oral, além de lhe adicionarem comentários, e daí comentários aos comentários, tudo o que, em conjunto, tornou-se conhecido como Talmude.

O que resultou dessas variadas influências? Max Dimont diz em seu livro Jews, God and History (Os Judeus, Deus e a História) que, embora os fariseus carregassem a tocha da ideologia e religião judaicas, “a tocha em si havia sido acesa pelos filósofos gregos”. Ao passo que grande parte do Talmude era altamente legalista, suas ilustrações e explanações refletiam a clara influência da filosofia grega. Por exemplo, conceitos religiosos gregos, como a alma imortal, foram expressos em termos judaicos. De fato, nessa nova era rabínica, a veneração do Talmude — na época já uma fusão de filosofia legalista e grega — aumentou entre os judeus até que, por volta da Idade Média, o Talmude veio a ser reverenciado pelos judeus mais do que a própria Bíblia.