Comentário de J.W Scott: Marcos 1:1-8

comentario biblico de marcos
I. A PREPARAÇÃO Marcos 1.1-13

I.a João Batista (Marcos 1.1-8)

Ver notas sobre Mt 3.1-12; Lc 3.1-20. Cf. Jo 1.6-34. É provável que Marcos queria que o primeiro versículo servisse como título da obra. O evangelho (1): não apenas o livro, mas o seu conteúdo das "boas novas concernentes a Jesus Cristo". Os vers. 2 e 3 podem ser considerados como parênteses e, neste caso, o primeiro versículo é ligado ao vers. 4 assim: "Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus...; apareceu João no deserto". Esta sugestão atraente dá relevo ao fato de que as boas novas da vinda do Messias começaram num reavivamento espiritual e não, como se esperava, numa revolução política. Entretanto, este arranjo do texto tende a subordinar a importância da citação do Velho Testamento. É preferível a ARA no primeiro verso, onde termina com ponto, deixando-o como título do livro.

No profeta Isaías (2). Realmente uma citação de Ml 3.1, e não de Isaías. A frase mais importante, no deserto (3), tem sua aplicação no vers. 4. Marcos cita Isaías como autor desta frase (cf. Is 40.3) e talvez incorpore a citação de Malaquias, por ser tão apropriada. As duas profecias são apresentadas a fim de mostrar a natureza da missão de João Batista, como preparação para a vinda do Messias. Ambas as citações, no seu significado primitivo, se referem ao povo de Deus à procura de Jeová. Aqui se aplicam, muito sugestivamente, a Jesus Cristo.

São indicadas também a índole e influência do ministério preparatório de João. O que se prepara é o coração humano. O ministério de João se caracteriza pelo seu poder moral. O batismo de arrependimento tem em mira a remissão dos pecados (4). Arrependimento: O grego (metanoia) significava originalmente "mudança de pensamento". Porém, no Novo Testamento o seu sentido denota um ato deliberado pelo qual se recobra o juízo, com a resultante mudança de conduta. Os pormenores deste aspecto do ministério de João Batista são apresentados em Lc 3.1-20 (ver notas). Toda a província da Judéia sentiu o seu impacto. Jesus mesmo veio da Galiléia (9), mas mede-se a influência da missão de João Batista pelo fato de a Judéia ser profundamente tocada por sua mensagem. A confissão de pecados era oral, uma pública confissão, após o que eram mergulhados (baptizo, forma intensiva de bapto) nas águas do rio, como um ato simbólico.

O vestido e a alimentação de João (6) revelam sua autoridade e separação dos interesses materiais. Seu indumento era típico dos profetas e relembra Elías (2Rs 1.8), a quem João se assemelha em diversos aspectos (Mc 9.13). Gafanhotos: alimento somente da classe mais humilde. Consta que os beduínos ainda os comem tostados ou salgados. O testemunho de João focaliza aquele que é mais forte do que eu (7), cuja vinda estava próxima, e que ia batizar não com água, mas com o Espírito Santo (8). O ensino do Velho Testamento concordava que estas seriam as características dos dias do Messias (Is 44.3; Ez 36.26; Jl 2.28).