Introdução Bíblica: Livro de Deuteronômio

Introdução ao Livro de DeuteronômioEscritor: Moisés
Lugar da Escrita: Planícies de Moabe
Escrita Completada: 1473 AEC
Tempo Abrangido: 2 meses (1473 AEC)

O livro de Deuteronômio é o de número 5 no cânon das Escrituras. O livro de Deuteronômio contém uma mensagem dinâmica para o povo de Yehowah. Depois de vaguearem pelo ermo por 40 anos, os filhos de Israel achavam-se então no limiar da Terra da Promessa. O que os aguardava? Quais seriam os problemas peculiares a enfrentar do outro lado do Jordão? O que teria Moisés a dizer finalmente à nação? Podemos também perguntar-nos: Por que é proveitoso para nós hoje saber a resposta a essas perguntas?

A resposta encontra-se nas palavras que Moisés proferiu e assentou por escrito no quinto livro da Bíblia, Deuteronômio. Embora repita muitas coisas dos livros precedentes, Deuteronômio é importante por notáveis razões próprias. Como assim? Acrescenta ênfase à mensagem divina, tendo sido fornecida numa época da história do povo de Yehowah em que os israelitas realmente necessitavam de liderança dinâmica e direção positiva. Estavam prestes a entrar na Terra Prometida sob um novo líder. Necessitavam de encorajamento para ir avante, e, ao mesmo tempo, necessitavam de advertências divinas para habilitá-los a adotar o proceder correto, que lhes proporcionaria as bênçãos de Yehowah.

Devido a essa necessidade, Moisés foi movido poderosamente pelo Espírito de Yehowah a exortar Israel de modo franco a mostrar obediência e fidelidade. Através do livro inteiro, ele sublinha que Yehowah é o Deus Altíssimo, que exige devoção exclusiva e deseja que seu povo ‘o ame de todo o coração, de toda a alma e de toda a força vital’. Ele é “o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e atemorizante, que não trata a ninguém com parcialidade, nem aceita suborno”. Ele não tolera nenhuma rivalidade. Obedecer a Deus significa a vida, desobedecer significa a morte. A instrução de Yehowah, dada em Deuteronômio, era precisamente a preparação e o conselho que Israel necessitava para as tarefas gigantescas à frente. É também a espécie de admoestação que necessitamos hoje, para que continuemos a andar no temor de Yehowah, santificando o seu nome no meio de um mundo corrupto. — Deut. 5:9, 10; 6:4-6; 10:12-22.

O nome Deuteronômio deriva-se do título da tradução grega Septuaginta, a saber, Deu·te·ro·nó·mi·on, nome composto formado de deú·te·ros, que significa “segundo”, e de nó·mos, “lei.” Significa, portanto, “Segunda Lei; Repetição da Lei”. Vem da tradução grega da frase hebraica em Deuteronômio 17:18, mish·néh hat·toh·ráh, corretamente traduzida ‘cópia da lei’. Não obstante o significado do nome Deuteronômio, este livro da Bíblia não é uma segunda lei, tampouco é mera repetição da Lei. Em vez disso, é uma explicação da Lei, que exorta Israel a amar e a obedecer a Yehowah na Terra Prometida em que entraria em breve. — 1:5.

Visto que este é o quinto rolo, ou volume, do Pentateuco, o escritor deve ter sido o mesmo que o dos quatro livros precedentes, a saber, Moisés. A declaração inicial identifica Deuteronômio como sendo “as palavras que Moisés falou a todo o Israel”, e expressões posteriores, tais como “Moisés escreveu . . . esta lei” e “Moisés escreveu este cântico”, provam claramente que ele foi o escritor. O nome dele aparece quase 40 vezes no livro, em geral como a autoridade para as declarações feitas. A primeira pessoa, referindo-se a Moisés, é usada predominantemente em todo o livro. Os versículos concludentes foram acrescentados depois da morte de Moisés, com toda a probabilidade por Josué ou pelo sumo sacerdote Eleazar. — 1:1; 31:9, 22, 24-26.

Quando ocorreram os eventos contidos em Deuteronômio? O próprio livro declara no início que, “no quadragésimo ano, no décimo primeiro mês, no primeiro dia do mês, . . . Moisés falou aos filhos de Israel”. Ao se completar a narrativa em Deuteronômio, o livro de Josué continua o relato três dias antes da travessia do Jordão, que se deu “no décimo dia do primeiro mês”. (Deut. 1:3; Jos. 1:11; 4:19) Isto deixa um período de dois meses e uma semana para os eventos de Deuteronômio. Entretanto, 30 dias deste período de nove semanas foram reservados para prantear a morte de Moisés. (Deut. 34:8) Isto significa que, a bem dizer, todos os eventos relatados em Deuteronômio devem ter ocorrido no 11.° mês do 40.° ano. Perto do fim daquele mês, deve ter-se praticamente completado também a escrita do livro, ocorrendo a morte de Moisés em princípios do 12.° mês do 40.° ano, ou em princípios de 1473 AEC.

As provas já apresentadas da autenticidade dos primeiros quatro livros do Pentateuco aplicam-se igualmente a Deuteronômio, o quinto livro. É também um dos quatro mais citados livros das Escrituras Hebraicas nas Escrituras Gregas Cristãs, sendo os outros Gênesis, Salmos e Isaías. Há 83 de tais citações, e apenas seis dos livros das Escrituras Gregas Cristãs deixam de fazer alusão a Deuteronômio.

O próprio Jesus dá o mais convincente testemunho da autenticidade de Deuteronômio. No início de seu ministério, foi tentado três vezes pelo Diabo, e três vezes replicou: “Está escrito.” Onde estava escrito? No livro de Deuteronômio (8:3; 6:16, 13) que Jesus citava como autoridade inspirada: “O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Yehowah.” “Não deves pôr Yehowah, teu Deus, à prova.” “É a Yehowah, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.” (Mat. 4:1-11) Mais tarde, quando os fariseus vieram prová-lo com respeito aos mandamentos de Deus, Jesus citou em resposta “o maior e primeiro mandamento”, de Deuteronômio 6:5. (Mat. 22:37, 38; Mar. 12:30; Luc. 10:27) O testemunho de Jesus atesta irrefutavelmente a autenticidade de Deuteronômio.

Além do mais, os eventos e as declarações escritas no livro estão em perfeita harmonia com a situação histórica e com o contexto. As referências feitas ao Egito, a Canaã, a Amaleque, a Amom, a Moabe e a Edom correspondem à época, e os nomes de lugares são declarados com exatidão. A arqueologia continua a apresentar prova sobre prova da integridade dos escritos de Moisés. Henry H. Halley escreve: “A Arqueologia, ultimamente, vem falando tão alto que está causando uma reação decidida em prol do ponto de vista conservador [de que Moisés escreveu o Pentateuco]. A teoria de que a escrita era desconhecida nos dias de Moisés já foi pelos ares, de modo completo. E cada ano, no Egito, Palestina e Mesopotâmia, estão-se escavando evidências tanto em inscrições como em camadas de terra, de que as narrativas do Antigo Testamento tratam de verdadeiros fatos históricos. E os ‘eruditos’, decididamente, estão tomando atitude de maior respeito para com a tradição referente à autoria de Moisés.” Assim, mesmo a evidência externa vindica Deuteronômio e todo o Pentateuco como sendo genuínos e autênticos escritos de Moisés, profeta de Deus.