Introdução Bíblica: Livro de Romanos

ROMANOS, LIVRO, CARTA, EPÍSTOLA, INTRODUÇÃO, ESBOÇO
Escritor: Paulo
Lugar da Escrita: Corinto
Escrita Completada: c. 56 EC

Em Atos, vimos Paulo, outrora violento perseguidor dos cristãos judeus, tornar-se zeloso apóstolo de Cristo junto às nações não-judaicas. Com Romanos começamos os 14 livros da Bíblia que o espírito santo inspirou este ex-fariseu, agora fiel servo de Deus, a escrever. Quando Paulo escreveu Romanos, já completara duas longas viagens de pregação e estava bem adiantado na terceira. Escrevera cinco outras cartas inspiradas: Primeira e Segunda Tessalonicenses, Gálatas e Primeira e Segunda Coríntios. Contudo, parece apropriado que, nas nossas Bíblias modernas, Romanos preceda às outras, visto que considera extensamente a nova igualdade entre judeus e não-judeus, as duas classes a quem Paulo pregou. Romanos explica a mudança nos tratos de Deus com o seu povo, e mostra que o inspirado Antigo Testamento Hebraicas havia predito há muito que as boas novas seriam proclamadas também aos não-judeus.

Paulo, usando a Tércio como secretário, tece um argumento rápido e cita um número espantoso de passagens do Antigo Testamento num dos mais poderosos livros das Escrituras Gregas Cristãs (NT). Com notável beleza de linguagem, ele considera os problemas que surgiram quando as congregações cristãs do primeiro século eram compostas tanto de judeus como de gregos. Tinham os judeus prioridade por serem descendentes de Abraão? Tinham os cristãos maduros, por terem sido libertos da Lei mosaica, o direito de fazer tropeçar seus irmãos judeus mais fracos, os quais ainda se apegavam aos antigos costumes? Nesta carta, Paulo estabeleceu firmemente que os judeus e os não-judeus estão em pé de igualdade perante Deus e que o serem eles declarados justos não é mediante a Lei mosaica, mas pela fé em Jesus Cristo e pela benignidade imerecida de Deus. Ao mesmo tempo, Deus requer dos cristãos que mostrem a devida sujeição às diferentes autoridades sob as quais se encontram.

Como teve início a congregação de Roma? Havia grande comunidade judaica em Roma, pelo menos desde o tempo em que Pompeu tomou Jerusalém em 63 AEC. Em Atos 2:10, declara-se especificamente que alguns destes judeus se achavam em Jerusalém em Pentecostes de 33 EC, onde ouviram a pregação das boas novas. Os viajantes convertidos se demoraram em Jerusalém para aprender dos apóstolos, e, mais tarde, os de Roma sem dúvida retornaram ali, alguns provavelmente no tempo em que irrompeu a perseguição em Jerusalém. (Atos 2:41-47; 8:1, 4) Outrossim, o povo naquele tempo viajava muito, e isto talvez explique a íntima familiaridade de Paulo com tantos membros da congregação de Roma, alguns dos quais ouviram provavelmente as boas novas na Grécia ou na Ásia, em resultado da pregação feita por Paulo.

A primeira informação fidedigna sobre esta congregação se encontra na carta de Paulo. É evidente que a congregação era composta tanto de cristãos judeus como de não-judeus, e que o zelo deles era digno de louvor. Ele lhes diz: ‘Fala-se da vossa fé em todo o mundo’, e: “A vossa obediência tem sido notada por todos.” (Rom. 1:8; 16:19) Suetônio, escrevendo no segundo século, relata que, durante o domínio de Cláudio (41-54 EC), os judeus foram banidos de Roma. Voltaram, porém, mais tarde, segundo evidenciado por estarem Áquila e Priscila em Roma. Eles eram judeus a quem Paulo conhecera em Corinto e que haviam partido de Roma na época do decreto de Cláudio, mas haviam retornado a Roma no tempo em que Paulo escreveu à congregação ali. — Atos 18:2; Rom. 16:3.

A autenticidade da carta é firmemente estabelecida. É, conforme diz a sua introdução, de “Paulo, escravo de Jesus Cristo e chamado para ser apóstolo, . . . a todos os que estão em Roma, como amados de Deus, chamados para serem santos”. (Rom. 1:1, 7) A documentação externa desta carta está entre as mais antigas existentes das Escrituras Gregas Cristãs. Pedro emprega tantas expressões similares na sua primeira carta, escrita provavelmente seis a oito anos mais tarde, que muitos eruditos acham que ele já teria visto uma cópia de Romanos. O livro de Romanos foi claramente considerado parte dos escritos de Paulo e citado como tal por Clemente, de Roma, por Policarpo, de Esmirna, e por Inácio, de Antioquia, todos os quais viveram no final do primeiro e em princípios do segundo século EC.

O livro de Romanos se encontra, juntamente com outras oito cartas de Paulo, num códice chamado Papiro Chester Beatty N.° 2 (P46). Sir Frederic Kenyon escreveu a respeito desse antigo códice: “Temos aqui, pois, um manuscrito quase completo das Epístolas Paulinas, escrito pelo que parece mais ou menos no começo do terceiro século.” Os papiros bíblicos Chester Beatty, gregos, são mais antigos do que os bem-conhecidos manuscritos Sinaítico e Vaticano N.° 1209, ambos do quarto século EC. Estes, também, contêm o livro de Romanos.

Quando e de onde foi escrito Romanos? Não há discordância entre os comentaristas bíblicos de que esta carta foi escrita da Grécia, bem provavelmente de Corinto, quando Paulo fez uma visita ali, que durou alguns meses, perto do fim de sua terceira viagem missionária. A evidência interna indica Corinto. Paulo escreveu a carta da casa de Gaio, que era membro da congregação local, e recomenda Febe da congregação vizinha de Cencréia, porto marítimo de Corinto. Pelo que parece, foi Febe que levou esta carta a Roma. (Rom. 16:1, 23; 1 Cor. 1:14) Em Romanos 15:23, Paulo escreveu: “Não tenho mais território virgem nestas regiões”, e indica no versículo seguinte que tenciona levar a sua obra missionária para o oeste, em direção da Espanha. Ele podia muito bem escrever assim perto do fim da sua terceira viagem, em princípios de 56 EC.