Introdução Bíblica: Livro de Jó

JÓ, LIVRO, ESTUDO, INTRODUÇÃO, ESBOÇO, TEOLOGIAEscritor: Moisés
Lugar da Escrita: Ermo
Escrita Completada: c. 1473 AEC
Tempo Abrangido: Mais de 140 anos entre 1657 e 1473 AEC

O livro de Jó é o de número 18 no cânon das Escrituras. Um dos mais antigos livros das Escrituras inspiradas! Um livro tido na mais alta estima e muitas vezes citado, todavia muito pouco entendido pela humanidade. Por que foi escrito este livro, e de que valor é para nós hoje? A resposta é indicada no significado do nome de Jó: “Objeto de Hostilidade.” Sim, este livro trata de duas importantes perguntas: Por que sofrem os inocentes? Por que permite Deus a iniqüidade na terra? Temos o registro do sofrimento de Jó e de sua grande perseverança para considerarmos ao responder a essas perguntas. Tudo foi registrado por escrito, precisamente como Jó pediu. — Jó 19:23, 24.

Jó se tornou sinônimo de paciência e perseverança. Mas, será que existiu mesmo uma pessoa chamada Jó? Apesar de todos os esforços do Diabo de remover este excelente exemplo de integridade das páginas da história, a resposta é clara. Jó foi personagem real! Jeová o menciona junto com Suas testemunhas Noé e Daniel, cuja existência foi aceita por Jesus Cristo. (Eze. 14:14, 20; compare com Mateus 24:15, 37.) A antiga nação hebréia encarava a Jó como pessoa real. O escritor cristão Tiago menciona o exemplo de perseverança de Jó. (Tia. 5:11) Somente um exemplo da vida real, e não um fictício, teria peso para convencer os adoradores de Deus de que é possível manter a integridade sob todas as circunstâncias. Ademais, a intensidade e o sentimento dos discursos registrados em Jó testificam a realidade da situação.

A autenticidade e a inspiração do livro de Jó são também provadas por os antigos hebreus sempre o terem incluído em seu cânon da Bíblia, um fato notável visto que o próprio Jó não era israelita. Além das referências feitas por Ezequiel e por Tiago, o livro é citado pelo apóstolo Paulo. (Jó 5:13; 1 Cor. 3:19) Prova poderosa da inspiração do livro é sua surpreendente harmonia com os fatos provados das ciências. Como se poderia saber que Yehowah “suspende a terra sobre o nada”, quando os antigos tinham os conceitos mais fantásticos sobre como a terra era sustentada? (Jó 26:7) Um conceito que se tinha na antiguidade era que a terra se apoiava em elefantes que estavam em pé sobre uma grande tartaruga-marinha. Por que não reflete o livro de Jó tal tolice? Obviamente porque Yehowah, o Criador, forneceu a verdade mediante inspiração. As muitas outras descrições da terra e suas maravilhas, bem como dos animais selvagens e das aves nos seus habitats, são tão exatas que só mesmo Deus poderia ser o Autor e Inspirador do livro de Jó.

Jó morava em Uz, localizada, segundo alguns geógrafos, no Norte da Arábia, perto da terra ocupada pelos edomitas, e a leste da terra prometida à descendência de Abraão. Os sabeus ficavam ao sul, os caldeus, ao leste. (1:1, 3, 15, 17) A época da provação de Jó foi muito depois dos dias de Abraão. Foi num tempo em que não havia “ninguém igual a [Jó] na terra, homem inculpe e reto”. (1:8) Este parece ser o período transcorrido entre a morte de José (1657 AEC), um homem de notável fé, e o tempo em que Moisés iniciou seu proceder de integridade. Jó se distinguia na adoração pura durante este período em que Israel estava contaminado com a adoração demoníaca do Egito. Ademais, as práticas mencionadas no primeiro capítulo de Jó, e aceitar Deus a Jó como verdadeiro adorador, indicam os tempos patriarcais em vez do período posterior a 1513 AEC, quando Deus passou a lidar exclusivamente com Israel sob a Lei. (Amós 3:2; Efé. 2:12) Assim, dando-se margem à longa vida de Jó, o livro parece abranger um período entre 1657 AEC e 1473 AEC, ano em que Moisés morreu; o livro foi completado por Moisés algum tempo após a morte de Jó e enquanto os israelitas estavam no ermo. — Jó 1:8; 42:16, 17.

Por que dizemos que Moisés foi o escritor? Isto está de acordo com a mais antiga tradição entre eruditos tanto judeus como cristãos primitivos. O vigoroso estilo autêntico da poesia hebraica, empregado no livro de Jó, torna evidente que era composição original em hebraico, o idioma de Moisés. Não poderia ter sido tradução de outro idioma como o árabe. Também, os trechos em prosa têm mais forte semelhança com o Pentateuco do que com quaisquer outros escritos da Bíblia. O escritor deve ter sido israelita, como Moisés o era, porque os judeus “foram incumbidos das proclamações sagradas de Deus”. (Rom. 3:1, 2) Depois de ter atingido a madureza, Moisés passou 40 anos em Midiã, que não ficava distante de Uz, onde poderia obter as informações pormenorizadas registradas em Jó. Mais tarde, quando passou perto da terra natal de Jó, durante a jornada de 40 anos de Israel pelo ermo, Moisés podia ficar a par e registrar no livro os pormenores finais.

De acordo com The New Encyclopædia Britannica (A Nova Enciclopédia Britânica), o livro de Jó é muitas vezes “contado entre as obras-primas da literatura mundial”. Entretanto, o livro é muito mais do que uma obra-prima literária. Jó se destaca entre os livros da Bíblia em exaltar o poder, a justiça, a sabedoria e o amor de Deus. Revela com a máxima clareza a questão primária colocada diante do universo. Esclarece muito do que é dito em outros livros da Bíblia, especialmente Gênesis, Êxodo, Eclesiastes, Lucas, Romanos e Apocalipse. (Compare Jó 1:6-12; 2:1-7 com Gênesis 3:15; Êxodo 9:16; Lucas 22:31, 32; Romanos 9:16-19 e Revelação 12:9; também Jó 1:21; 24:15; 21:23-26; 28:28 com Eclesiastes 5:15; 8:11; 9:2, 3; 12:13, respectivamente.) Fornece as respostas a muitas perguntas da vida. É seguramente parte integrante da inspirada Palavra de Deus, à qual contribui muito no sentido de entendimento proveitoso.