Comentário de João 8:43-44

8:43 - Por que não entendeis o que digo?... Língua, idioma, dialeto, e forma de falar, de uma maneira figurativa; pois eles não sabiam o que ele queria dizer por liberdade e escravidão, e por ter um outro pai além de Abraão, ou de sua vinda da parte do Pai:comentario do evangelho de João, comentario biblico

Por não poderdes ouvir a minha palavra;… Como eles não tinham nenhum discernimento e entendimento da doutrina de Cristo, que mostrou serem eles carnais, e homens naturais, e não regenerados, nem filhos de Deus; assim eles tinham uma aversão a isso, e não conseguiam nem ouvi-lo falar.

8:44 - Vós sois de vosso pai o Diabo,… Não de sua substância, mas por imitação de seu exemplo; e como estando debaixo de sua autoridade e influência, suas instruções e direções, e prontos para segui-lo, e obedecer aos seus comandos; a palavra “vosso” é apropriadamente, e está em algumas cópias:

E as concupiscências do vosso pai é que desejais fazer;... As versões Siríaca e Persa leem no singular, "a cobiça", ou "vontade de seu pai", pelo que pode ser particularmente o significado, o seu desejo ansioso pela morte de Cristo, que ele revelou em vários momentos diferentes, por ele ter instigado Herodes para tentar destruir a vida de Jesus em sua infância, e quando ele tinha iniciado em seu ministério público, ele o tentado para que destruísse a si mesmo; e muitas vezes levando os Escribas e Fariseus a apedrejá-lo e matá-lo, de alguma forma ou de outra; e, finalmente, pondo no coração de um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, traí-lo: neste aspecto, isso mostra como se o Diabo tivesse uma noção de salvação dos homens por Cristo, ainda que ele pensasse como alguns homens errados têm feito também, que foi só pela sua doutrina e exemplo, e, portanto, ele tinha pressa para tirá-lo do mundo, para que ele não pudesse ser útil, para que não fosse pelo derramamento de seu sangue, o sacrifício de si mesmo, ou por seus sofrimentos e morte, no lugar dos pecadores, pois, caso contrário, seria pouco credível, que ele teria procurado a sua morte de maneira tão fervorosamente: agora essa mesma volúpia e insaciável desejo após a morte de Cristo prevaleceu nos judeus, e eles estavam decididos pagar qualquer preço, nem nada poderia desviá-los desse plano, é disso que Cristo está falando no contexto, e está plenamente provado que o Diabo era seu pai, e eles devem ser seus filhos:

Ele foi um assassino desde o começo,... Não apenas se fala dele como tal, desde o início, como ele que deveria contundir o calcanhar do Messias, ou deveria buscar a sua morte, mas ele foi realmente um assassino de Adão e Eva, e de todos os seus descendentes, tentador deles para o pecado, que trouxe assim a morte e a ruína sobre eles, e que rapidamente depois fomentou Caim para matar seu irmão, e teve, mais ou menos, uma culpa em todos os assassinatos cometidos depois, e tem sido em todas as idades, e ainda é, um assassino de almas dos homens, e, portanto, é justamente chamado Abadon, e Apollyon, o que significa “destruidor”: a frase, "desde o começo", não significa o início de sua própria criação, porque ele foi criado uma santa criatura, estava na verdade, embora ele não permanecesse firme nela, e estava em um estado feliz, apesar de ter perdido este mesmo: nem estritamente o princípio dos tempos, ou da criação do mundo, que foram, pelo menos, alguns dias antes da queda do homem, quando o Diabo iniciou como assassino, mas ele estar muito próximo, portanto, essa frase é feita uso: a versão Siríaca a verte assim: “desde o Bereshith", que é a primeira palavra da Bíblia hebraica, e é frequentemente utilizada pelos Rabinos Judaicos para os seis dias da criação, e se Adão caiu, como alguns pensam, no mesmo dia em ele foi criado, poderá ser devidamente dito que o Diabo era um assassino desde então. Filo (p) fala da serpente de Eva como ανθρωπου φονωντα "um assassino dos homens", aplicando a este propósito o texto antes referido, Gen. 3:15.

E não permaneceu na verdade;… Nem na integridde, inocência, e santidade, na qual ele foi criado; nem na veracidade, ou como uma criatura de veracidade, mas falou a mentira, e foi o primeiro, pela qual enganou Eva, dizendo: “seguramente não morrereis”, Gen. 3:4, quando Deus havia dito que eles iriam, Gen. 2:17; nem na verdade do Evangelho, que foi, pelo menos em parte, feito manifesto a ele; particularmente que o Filho de Deus devia se tornar homem, e nessa natureza ser a cabeça dos anjos e homens: isso ele e seus associados, no orgulho de seus corações, não suportando que a natureza humana devesse ser exaltada acima da deles, abandonaram a sua primeira posição, quebraram sua aliança com Deus, e se tornaram rebeldes contra ele:

Porque não há nele verdade;… Não que isso seja uma razão do por que ele não continuou na verdade, pois havia originalmente verdade nele; embora ela não habitasse nela; mas uma razão, mostrando que não havia nenhuma nele agora, visto que ele havia caído dela, e não se apegara a ela mais; não há verdade nele, que seja natural e genuína, e essencial a ele; e se em qualquer momento ele a fala, não é de seu coração, mas porque é forçado a isso, ou tem um plano iníquo:

Quando ele fala a mentira, ele fala de si mesmo;… Ou seja, o que lhe é natural, de sua própria disposição e aprovação:

Pois é um mentiroso, e o pai da mentira;... Ele é um mentiroso, tão cedo quanto se tornou um assassino, ou mais cedo; foi com mentira que ele matou, e assim assassinou nossos primeiros pais, e ele tem continuado desde então; ele foi o primeiro autor de uma mentira; a primeira mentira já contada foi contada por ele; ele foi o primeiro inventor dela; ele foi o primeiro a começar com isso; nesse sentido a palavra “pai” é usada, Gen 4:20; a serpente é chamada pelos Judeus cabalísticos (q), o lábio da mentira, ou o lábio mentiroso.




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Notas

(p) De Agricultura, p. 203.