Comentário de João 6:40

João 6:40

E essa é a vontade daquele que me enviou,… A Vulgata Latina acrescenta, “de meu Pai”; e todas as versões Orientais leem, “e essa é a vontade de meu Pai”; essa é a sua vontade declarada, revelada no Evangelho, que os filhos dos homens são familiarizados, como a outra era sua vontade secreta, que foi apenas conhecida ao Filho até que ele a descobriu.

Que todo o mundo que vê o Filho, e crê nele;... Quem assim o vê a ponto de acreditar nele; porque isto não será entendido de uma visão corpórea de Cristo, ou de um mero conhecimento especulativo dele, ou da fé histórica nele; porque não é apenas vê-lo, como somente acreditar quem ele é, o Filho de Deus, o Messias e Salvador do mundo, ou o que ele diz, mas confiar nele para retidão, vida, e felicidade. Os homens são, por natureza, cegos, os olhos deles são fechados a tudo que é espiritualmente bom; é o Espírito de Deus que abre os seus olhos cegos, e ilumina a compreensão deles: e na sua luz eles veem não só eles, os seus pecados, e a falta de retidão, e o estado perdido deles, mas Cristo, e uma beleza, glória, e excelência nele, habilidade e vontade para salvar, uma plenitude de toda a graça; eles veem retidão, paz, perdão, limpeza, sabedoria, força, graça, vida, e salvação: e tal visão, embora possa ser brilhante, é salvatória, faz a alma alegre, surpreendente, e transformadora; é assistida com certeza, realidade, e evidência, e é um antegosto da glória; porque esta é a vontade de Deus, e não do homem, de um Pai gracioso, de um Ser inalterável e eterno cuja vontade não pode ser resistida, e feita vã, como tal:

Possa ter vida eterna;… Que será vida de glória, e consistirá em possuir glória tanto na alma como no corpo; em contemplar a glória, a glória de um ao outro, a glória dos anjos, a glória das verdades divinas, e das providências misteriosas, a glória de perfeições divinas, e da glória do Senhor Jesus Cristo; e será uma vida de perfeição, de perfeito conhecimento, santidade, obediência, amor, paz e alegria; uma vida livre de todas as misérias e inconveniências, tanto no sentido natural e espiritual; uma vida de prazer, e que durará para sempre: para a qual Cristo acrescenta:

E eu o levantarei no último dia;... Cristo será a causa eficiente, como também ele é o exemplo, e primeiro fruto da ressurreição dos mortos; ele elevará todos os mortos realmente pelo seu poder; os santos particularmente, em virtude de sua união com ele, como os membros do seu corpo, e em primeiro lugar; e o mesmo subirá, e com o mesmo corpo numérico que foi dado a ele: e isto será ao último dos últimos dias, ao término de todas as coisas; e é mencionado para mostrar que o comprimento do tempo não impedirá a ressurreição dos mortos, e em oposição a uma noção judia, que a ressurreição dos mortos seria na vinda do Messias: será na segunda vinda dele, mas não será na sua primeira; realmente havia então uma ressurreição de algumas pessoas particulares, mas não uma geral de todos os santos: os Judeus esperam a ressurreição dos mortos quando o Messias vier; isso fica evidente nos seus Targuns e Talmudes, e outros escritores; assim o Targumista em Onésias 14:8 diz:

“Eles serão ajuntados de seus cativeiros, sentarão debaixo da sombra de seu Messias, “e os mortos viverão”, e os bons serão multiplicados na terra.”

E no Talmude[1] é dito:

“O santo e bendito Deus vivificará os justos e eles não retornarão ao pó.”

O significado disso é:

“O santo e bendito Deus os levantará “nos dias do Messias.”

E assim é dito da terra dos vivos:

“A terra, cujos mortos vivem primeiro nos dias do Messias.”[2]

E, portanto, R. Jeremias desejava ser enterrado com suas roupas e sapatos, e o cajado em suas mãos, para que quando o Messias vier ele pudesse estar pronto[3] com o que concorda outros mais modernos escritores; assim Kimchi em Isa. 66:5.

“Eles viverão na ressurreição dos mortos, nos dias do Messias.”

E o mesmo escritor em Jer. 23:20 observa que é dito:

““Vós” considerarão, e não “eles” considerarão, que dá a entender a “ressurreição dos mortos nos dias do Messias”.”

E diz Aben Ezra em Dan. 12:2:

“Os justos que morrem no cativeiro viverão quando o Redentor vier.”

Embora alguns de seus escritores diferissem nesse ponto, e não permitam que os dias do Messias, e a ressurreição dos mortos, seja um e o mesmo.[4]


Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible
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Notas:
[1] T. Bab. Sinédrio, fol. 92. 1.
[2] T. Hieros. Kilaim, fol. 32. 3.
[3] T. Hieros. Kilaim, foi. 32. 3. col. 2.
[4] Zohar em Gen. fol. 82. 4.