Comentário de João 17:3

E isso é a vida eternal,… Ou seja, o início dela, o caminho para ela, e os meios dela:comentario biblico, evangelho de joão, novo testamento

Que eles possam conhecer-Te, o único verdadeiro Deus, e Jesus Cristo, a quem enviastes. O conhecimento de Deus aqui falado, não é o conhecimento dele pela luz da natureza, e os trabalhos da criação;[1] pois um homem pode conhecer a Deus neste sentido, e não o conhece em Cristo, nem em qualquer coisa de Cristo; sim, pode conhecer Deus e pode o professar em palavras, e nos seus trabalhos o negar,[2] como fizeram os Pagãos; nem vida eterna é conhecida por este meio, nem conectado com isto: nem é este tal conhecimento de Deus como será obtido pela lei de Moisés no qual Deus é representado como um Ser íntegro e enraivecido; nem há neste qualquer descoberta de Deus, como um Deus de amor, graça, e clemência em Cristo; nem qualquer revelação de um Mediador, Salvador e Redentor; nem pode ela mostrar, ou dar a pessoas vida eterna; e ainda o que é dito aqui do conhecimento de Deus e Cristo, os judeus dizem da lei (d):

“Um homem disse ao seu amigo: vamos lançá-los contra a parede e matá-los, porque elas têm deixado חיי עולם הבא, “a vida eterna” (a palavra é, תורה, “a lei”;) e empregam-se em uma vida temporária, ou deste mundo, que é comercio.”

Mais verazmente, Filo, o Judeu (e) diz que “fugir para o Ser Divino, “é vida eterna”; e correr dele é morte.”

Mas isto será entendido de um conhecimento de evangélico de Deus, como o Deus e Pai de Cristo, como o Deus de toda a graça, perdoando a iniquidade, a transgressão e pecado, e de Cristo como Mediator; não general, conhecimento nocional, e especulativo; mas um prático e experimental; um conhecimento de aprovação e apropriação; um fiducial, por meio de que uma alma acredita em Cristo, e confia no seu sangue, retidão, e sacrifício para a salvação; e o qual, embora imperfeito, é progressivo.[3] Os Arianos e Unitarianos usam este texto, contra a verdadeira e própria deidade de nosso Senhor Jesus, e a igualdade dele com o Pai, mas sem sucesso; visto que o Pai é chamado o único Deus verdadeiro, em oposição aos muitos falsos deuses dos Pagãos, mas não para a exclusão do Filho ou Espírito; pois Cristo é nomeado também Senhor, e Senhor Deus, mas não para a exclusão do Pai; sim, o verdadeiro Deus e a vida eterna; não sendo ele, ele nunca iria, como aqui, unir-se com o único verdadeiro Deus; e além disso, a vida eterna é feita dependente tanto no seu conhecimento, como do seu Pai. A razão deste modo diferente de expressão é devido ao caráter de Cristo como Mediador, que é dito como enviado pelo único Deus verdadeiro sobre o negócio da salvação de homem. Nem é isto, de forma alguma, o que Judeu (f) objeta, que Jesus aqui confessa, que o verdadeiro Deus é apenas um Deus; pois nem ele se chama Deus, mas apenas o Messias enviado por Deus; e que o Apóstolo Paulo também afirma a unidade de Deus, 1Tim. 1:17; e então Jesus não pode ser Deus: mas Cristo e o seu Pai, o único verdadeiro Deus, são um; e que ele é o verdadeiro Deus junto com o seu Pai, ele tacitamente sugere aqui se unindo com ele; e isso que o Apóstolo Paulo diz do único Deus sábio, pode bem como é entendido de Cristo, o Filho de Deus, como do Pai; visto que todo o caráter no texto concordam com ele, e dele ele tinha estado falando no contexto.


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Notas

(d) T. Bab. Taanith, fol. 21. 1.
(e) De profugis, p. 461.
(f) R. Isaac Chizzuk Emuna, par. 2. c. 55. p. 445.
[1] Cf. Romanos 1:20. N do T.
[2] Cf. Tito 1:16. N do T.
[3] Cf. Provérbios 4:18. N do T.