Comentário de Atos dos Apóstolos (Part. 7)

comentario biblico, atos dos apostolos

Tema: A Palavra de Deus prevalece!
Texto Base: ‘A palavra de Yehowah crescia e prevalecia de modo poderoso.’ — Atos 19:20.

Yehowah estava abrindo uma porta para atividades. Especialmente Paulo, um “apóstolo para as nações”, serviria de ponta-de-lança nessa obra. (Romanos 11:13) De fato, a continuação de nosso estudo de Atos dos Apóstolos encontra-o engajado em emocionantes viagens missionárias. — Atos 16:6-19:41.

Paulo era também um escritor inspirado por Deus. Entre cerca de 50 a 56 EC, ele escreveu 1 e 2 Tessalonicenses de Corinto, Gálatas também dessa cidade, ou da Antioquia síria, 1 Coríntios de Éfeso, 2 Coríntios de Macedônia e Romanos de Corinto. E, à medida que Deus abençoava o ministério de Paulo e o de outros, ‘a palavra de Deus crescia e prevalecia de modo poderoso’. — Atos 19:20.

Da Ásia à Europa: Paulo e seus companheiros deram um excelente exemplo de sujeitar-se à direção do Espírito Santo. (16:6-10) Talvez por meio de revelações audíveis, sonhos ou visões, o espírito impediu-os de pregarem no distrito da Ásia e na província de Bitínia, alcançados mais tarde com as boas novas. (Atos 18:18-21; 1 Pedro 1:1, 2) Por que o Espírito bloqueou tentativas anteriores? Os trabalhadores eram poucos, e o Espírito os guiava para campos mais frutíferos na Europa. Também hoje, se o caminho para certo território é bloqueado, as nós pregamos em outra parte, certos de que o espírito de Deus nos dirigirá aos semelhantes a ovelhas. Assim, como campo missionário, Paulo e seus companheiros ‘deixaram de lado’ Mísia, uma região na Ásia Menor. Numa visão, contudo, Paulo viu um macedônio suplicando ajuda. De modo que os missionários prontamente foram à Macedônia, uma região da península dos Balcãs. Similarmente hoje, muitos cristãos devotos são dirigidos pelo Espírito Santo para servir onde a necessidade de evangelizadores do Reino é grande.

A palavra de Yehowah prevaleceu na Macedônia. (16:11-15) Filipos, uma colônia habitada na maior parte por cidadãos romanos, aparentemente tinha poucos judeus e nenhuma sinagoga. Assim, os irmãos foram a “um lugar de oração” junto dum rio fora da cidade. Entre os ali reunidos havia Lídia, possivelmente uma prosélita judia de Tiatira, uma cidade na Ásia Menor conhecida por sua indústria tintureira. Ela vendia tintura de púrpura ou tecidos e roupas tingidos com ela. Depois que Lídia e os de sua família foram batizados, ela ofereceu hospitalidade com tanta veemência que Lucas escreveu: “Ela simplesmente nos fez ir.” Somos gratos por irmãs assim, hoje em dia.

Um Carcereiro Torna-se Crente: Satanás deve ter ficado furioso por causa de acontecimentos espirituais em Filipos, pois atividades demoníacas locais levaram à prisão de Paulo e Silas. (16:16-24) Durante vários dias eles foram seguidos por uma moça que tinha “um demônio de adivinhação” (literalmente: “um espírito de píton”). O demônio talvez tivesse personificado Apolo pítio, um deus que supostamente matou uma serpente chamada Píton. A moça produzia muito lucro a seus amos, por praticar a arte do vaticínio. Ora, ela talvez informasse lavradores sobre quando plantar, moças sobre quando casar e mineradores sobre onde procurar ouro! Ela seguia insistentemente os irmãos, e bradava: “Estes homens são escravos do Deus Altíssimo, que vos estão publicando o caminho da salvação.” Talvez o demônio fizesse com que ela dissesse isso para fazer parecer que as predições dela tinham inspiração divina, mas os demônios não têm o direito de fazer proclamações sobre Yehowah e sua provisão para a salvação. Quando se cansou dessa importunação, Paulo expulsou o demônio em nome de Jesus. Com o negócio arruinado, os amos da moça arrastaram Paulo e Silas à feira, onde foram espancados com varas. (2 Coríntios 11:25) Daí foram encarcerados e seus pés presos no tronco. Tais dispositivos podiam ser ajustados de modo a forçar a separação das pernas uma da outra, causando grande dor.

Essa prisão resultou em bênçãos para o carcereiro e sua família. (16:25-40) Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e louvavam a Deus em cântico, certos de que ele estava com eles. (Salmo 42:8) Subitamente, um terremoto fez com que se abrissem todas as portas e soltou todos os grilhões à medida que os ferros se desprendiam das vigas ou das paredes. O carcereiro temia sofrer a pena de morte pela fuga de seus prisioneiros. Estava em vias de se suicidar, quando Paulo bradou: “Não te faças dano, pois estamos todos aqui!” Trazendo Paulo e Silas para fora, o carcereiro perguntou como poderia ser salvo. “Crê no Senhor Jesus”, foi a resposta. Ao ouvir a palavra de Deus, ‘ele e os seus foram batizados sem demora’. Que alegria isso provocou!

No dia seguinte, magistrados civis mandaram soltar Paulo e Silas. Mas, Paulo disse: ‘Eles chibatearam-nos sem condenação, a homens que são romanos, e lançaram-nos na prisão. Estão lançando-nos fora secretamente? Que venham eles mesmos e nos levem para fora.’ Se os magistrados reconhecessem publicamente o seu erro, talvez relutassem em espancar e prender outros cristãos. Impossibilitados de expulsar cidadãos romanos, os magistrados vieram e pediram que os irmãos partissem, mas estes assim o fizeram só depois de encorajar concrentes. Tal interesse é o que induz os membros do Corpo Regente de Pastores e outros representantes a visitar e encorajar o povo de Deus em toda a terra.

A Palavra de Deus Prevalece em Tessalônica e em Beréia: A palavra de Deus prevaleceu a seguir em Tessalônica, capital da Macedônia e seu principal porto marítimo. (17:1-9) Ali Paulo arrazoou com judeus, “explicando e provando” que o Messias tinha de sofrer e ser levantado dentre os mortos. (Paulo fez isso comparando profecias com eventos em cumprimento, como fazem os cristãos atualmente.) Assim, alguns judeus, muitos prosélitos e outros se tornaram crentes. Quando judeus ciumentos formaram uma turba mas não conseguiram encontrar Paulo e Silas, eles levaram Jasão e outros irmãos perante os governantes da cidade e os acusaram de sedição, uma acusação falsa ainda hoje lançada contra o povo de Deus. Contudo, os irmãos foram soltos depois de darem “suficiente fiança”.

A seguir, Paulo e Silas foram à cidade de Beréia. (17:10-15) Os judeus ali ‘examinavam cuidadosamente’ as Escrituras, como os cristãos verdadeiros incentivam hoje as pessoas a fazer. Esses bereanos não duvidavam de Paulo, mas pesquisavam em busca de provas de que Jesus era o Messias. O resultado? Muitos judeus e alguns gregos (talvez prosélitos) tornaram-se crentes. Quando judeus de Tessalônica agitaram as massas, os irmãos escoltaram Paulo até o litoral, onde alguns dos do seu grupo talvez embarcassem num navio para Pireu (atual Piraiévs), a cidade portuária de Atenas.

A Palavra de Deus Prevalece em Atenas: Um corajoso testemunho foi dado em Atenas. (17:16-21) Por causa das palavras de Paulo sobre Jesus e a ressurreição, certos filósofos polemizaram com ele. Alguns eram epicureus, que enfatizavam o prazer. Outros eram estóicos, que frisavam a autodisciplina. ‘O que é que este paroleiro quer dizer?’, perguntaram alguns. “Paroleiro” (literalmente: “apanhador de sementes”) insinuava que Paulo era como um pássaro que apanhava sementes, distribuindo pitadas de conhecimento, sem, contudo, ter sabedoria. Outros disseram: “Ele parece ser publicador de deidades estrangeiras.” Isto era sério, pois Sócrates perdeu sua vida por tal acusação. Paulo logo foi conduzido ao Areópago (Colina de Marte), possivelmente onde a suprema corte ao ar livre reunia-se perto da Acrópole.

O discurso de Paulo no Areópago foi um excelente modelo de introdução eficaz, desenvolvimento lógico e argumento convincente — conforme se ensina aos cristãos ao ensinarem outros sobre o evangelho de Cristo. (17:22-34) Ele disse que os atenienses eram mais religiosos do que os outros. Ora, eles tinham até mesmo um altar “A um Deus Desconhecido”, talvez para evitar negligenciar alguma deidade! Paulo falou a respeito do Criador que “fez de um só homem toda nação dos homens” e “decretou os tempos designados e os limites fixos da morada dos homens”, como, por exemplo, quando se devia desarraigar os cananeus. (Gênesis 15:13-21; Daniel 2:21; 7:12) Este Deus pode ser encontrado, “pois nós também somos progênie dele”, disse Paulo, aludindo à criação do homem, por Yehowah, e citando Arato e Cleanto, poetas deles.

Como progênie de Deus, não devemos pensar que o Criador perfeito é semelhante a um ídolo feito pelo homem imperfeito. Deus outrora não levou em conta tal ignorância, mas agora dizia à humanidade que se arrependesse, pois fixara um dia para julgar as pessoas por meio de seu Designado. Visto que Paulo “declarava as boas novas de Jesus”, seus ouvintes sabiam que ele queria dizer que aquele Juiz seria Cristo. (Atos 17:18; João 5:22, 30) As palavras sobre arrependimento aborreceram os epicureus, e os filósofos gregos podiam aceitar observações a respeito de imortalidade, mas não a respeito de morte e ressurreição. Aparentemente, como muitos que hoje desdenham as boas novas, alguns disseram: ‘Nós te ouviremos outra vez.’ Mas, o juiz Dionísio e outros tornaram-se crentes.