Comentário de Albert Barnes: Romanos 1:1

Paulo – O nome original do autor dessa Epístola era “Saulo”. (Atos 7:1, 58; 8:1) etc. Foi mudado para Paulo (veja notas em Atos 13:9), e por esse nome ele era geralmente conhecido no Novo Testamento. A razão do porque ele assumiu esse nome não é certo. Era, portanto, de acordo com o costume do tempo; veja notas em Atos 13:9. O nome Saulo era Hebreu; o nome Paulo era Romano. Ao dirigir uma carta aos Romanos, ele naturalmente faz uso do nome pelo qual eles eram acostumados e que excitaria nenhum prejuízo entre eles. O costumo antigo era começar uma epístola com o nome do escritor, como Cícero para Varro, etc. Nós colocamos o nome no final. Deve-se notar, no entanto, que colocar o nome do escritor no início da epístola era sempre feito, como ainda é, quando a carta era de autoridade ou quando conferia quaisquer privilégios especiais. Portanto, na proclamação de Ciro em Esdras: “Assim disse Ciro, rei da Pérsia,” etc.; veja também Esdras 4:11; 7:12. “Artaxexes, rei dos reis, a Esdras o sacerdote,” etc. Daniel 4:1. O começo de uma carta por um apóstolo para uma igreja cristã dessa forma era especialmente próprio para indicar autoridade.

Um Servo – Esse nome foi o que o próprio senhor Jesus ordenou Seus discípulos a usar, como a denominação geral deles; Mat 10:25; 20:27; Mc 10:44. E era o termo costumeiro entre eles Gal 1:10; Col 4:12; 2Pe 1:1; Jud 1:1; At 4:29; Tit 1:1; Tg 1:1. O significado correto dessa palavra “servo”, δουλος (Gr.: doulos), é escravo, alguém que não é livre. Ela expressa a condição de alguém que tem um mestre, ou de alguém está sob o controle de uma outra pessoa. É sempre, no entanto, aplicado aos cortesãos ou aos oficiais que servem sob um rei: porque na mornaquia oriental a relação de um rei absoluto a seu cortesão correspondia quase a aquela de mestre e escravo. Assim, a palavra é expressiva de dignidade e honra; e os servos de um rei denotam oficiais de alto escalão e posição. É aplicado aos profetas como aqueles que eram honrados por Deus ou especialmente confiados por ele com um ofício; Deu 34:5; Jos 1:2; Jer 25:4. O nome também é dado ao Messias, Isa 42:1, “Observai meu servo em quem minha alma se deleita,” etc., Isa 53:11, “meu servo justo justificará a muitos.” O apóstolo a usa aqui evidentemente para denotar seu reconhecimento de Jesus Cristo como seu mestre; como indicando sua dignidade, como especialmente designado a ele a sua grande obra; e como mostrando que nessa Epístola ele assumir nenhuma autoridade de sua própria parte, mas simplesmente declarar a vontade de seu Mestre.

Chamado para ser apóstolo – Essa palavra “chamado” significa aqui não meramente ser convidado mas tem o sentido de designado. Ela indica que ele não tem assumido o cargo por ele mesmo, mas que ele foi colocado aparte para o cargo pela autoridade do próprio Cristo. Era importante para Paulo afirmar isso,

(1) Porque os outros apóstolos tinham sidos chamados ou escolhidos para esse trabalho João 15:16, 15:19; Mat 10:1; Luc 6:13;

(2) Porque Paulo não era um dos que tinham sido escolhidos originalmente.

Era de conseqüência para ele, portanto, afirmar que ele não tinha tomado esse alto cargo dele mesmo, por vontade própria, mas ele tinha sido chamado para esse cargo pela autoridade de Jesus Cristo. Co 12:12; 1Ti 2:7; 2Ti 1:11; Rom 11:13.

Um apóstolo – Uma pessoa enviada para executar uma comissão. Foi aplicado porque o apóstolo foi enviado por Jesus Cristo para pregar seu evangelho e estabelecer a sua igreja; Mateus 10:2 nota; Lucas 6:13 nota.

Separado – A palavra traduzida “separado para”, αφοριζω (Gr.: aphorizo) significa designar, separar por limites fixados, delimitar como um campo, etc. Ela denota aqueles que estão “separados”, ou chamados dentre a massa comum; Atos 19:9; 2Coríntios 6:17. O significado aqui não difere materialmente da expressão, “chamado para ser apóstolo”, exceto que talvez isso inclua a noção do propósito ou designação de Deus a sua obra. Assim, Paulo usa a mesma palavra com respeito a si mesmo; Gal 1:15, “Deus, que me separou na madre de minha mãe e me chamou pela sua graça,” ou seja, Deus me designou; me marcou; ou designou para que eu fosse um apóstolo desde quando era criança. Da mesma forma, Jeremias foi designado profeta; Jer 1:5.

Para o evangelho de Deus – Designado ou designado por Deus para que eu devesse fazer disso “meu negócio”, a saber, pregar o evangelho. Colocado aparte para isso, como especial e grande obra da minha vida; como não tendo nenhum outro objeto pela qual eu deva viver. Para ver o significado da palavra “evangelho”, veja nota em Mateus 1:1. É chamado de evangelho de Deus porque é seu compromisso; tem sido originado por ele e tem sua autoridade. A função de um apóstolo era pregar o evangelho que Paulo se considerou como separado para essa obra. Não era para viver em esplendor, riqueza e tranqüilidade, mas se devotar a esse grande serviço de proclamar as boas novas, de que Deus foi reconciliado as pessoas no seu Filho. Esse é o único serviço de todos os ministros da “religião”.



Fonte: Albert Barnes' Notes on the Bible, de Albert Barnes (1798-1870)