Alguns Sinônimos de Canonicidade

canonicidade biblica, estudos biblicos
A existência de um cânon ou coleção de escritos autorizados antecede o uso do termo cânon. A comunidade judaica coligiu e preservou as Escrituras Sagradas desde o tempo de Moisés.


Escrituras Sagradas: Um dos conceitos mais antigos de cânon foi o de escritos sagrados. O fato de os escritos de Moisés serem considerados sagrados se demonstra pelo lugar santo em que eram guardados, ao lado da arca da aliança (Dt 31.24-26). Depois de o templo ter sido edificado, esses escritos sagrados foram preservados em seu interior (2Rs 22.8). A consideração especial dada a esses livros especiais mostra que eram tidos como canônicos, ou sagrados.

Escritos autorizados: A canonicidade das Escrituras também é designada autoridade divina. A autoridade dos escritos mosaicos foi salientada perante Josué e perante Israel (Js 1.8). Todos os reis de Israel foram exortados a esse respeito: "Quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si num livro uma cópia desta lei [...]. Conservará a cópia consigo, e a lerá todos os dias de sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, e a guardar todas as palavras desta lei..." (Dt 17.18,19). Visto que esses livros vieram da parte de Deus, vieram revestidos de sua autoridade. Sendo escritos dotados de autoridade, eram canônicos, i.e., normativos, para o crente israelita.

Livros que conspurcam as mãos: Na tradição de ensino de Israel, surgiu o conceito de livros tão sagrados, ou santos, que aqueles que os usassem ficariam com as mãos "conspurcadas". Assim diz o Talmude; "O evangelho e os livros dos hereges não maculam as mãos; os livros de Ben Sira quaisquer outros livros que tenham sido escritos desde sua época não são canônicos" (Tosefta Yadaim, 3,5). Por isso, só os livros que exigissem que seu leitor passasse por uma cerimônia especial de purificação é que eram considerados canônicos.

Livros proféticos: Como já dissemos antes, determinado livro só era considerado inspirado se escrito por um profeta, ou porta-voz de Deus. As obras e as palavras dos falsos profetas eram rejeitadas e jamais agrupadas e guardadas num lugar santo. De fato, segundo Josefo (Contra Ápion, 1,8), só os livros que haviam sido redigidos durante o período profético, de Moisés até o rei Artaxerxes, podiam ser canônicos. Assim se expressou Josefo: "Desde Artaxerxes até a nossa época tudo tem sido registrado, mas nada foi considerado digno do mesmo crédito das obras do passado, visto que a sucessão exata de profetas cessou". Foram, canônicos apenas os livros de Moisés a Malaquias, pois só esses foram, escritos por homens em sucessão profética. Do período de Artaxerxes (século IV a.C.) até Josefo (século I d.C), não houve sucessão profética; por isso, não faz parte do período profético. O Talmude faz a mesma afirmação, dizendo: "Até esta altura [século IV a.C] os profetas profetizavam mediante o Espírito Santo; a partir desta época inclinai os vossos ouvidos e ouvi as palavras dos sábios" (Seder Olam Rabba, 30). Portanto, para ser canônico, qualquer livro do Antigo Testamento deveria vir de uma sucessão profética, durante o período profético.