Exposição do Evangelho de João de Arthur W. Pink

Cristo, a Palavra Eterna

João 1:1-13

JOÃO, EXPOSIÇÃO, PINK, ARTHUR



No último capítulo, se declarou: "Cada livro da Bíblia tem um proeminente e dominante tema que é peculiar a si mesma. Assim como cada membro do corpo humano tem a sua própria função particular, assim, cada livro da Bíblia tem o seu próprio objetivo especial e missão. O tema do Evangelho de João é a divindade do Salvador. Aqui, como em nenhum outro lugar nas Escrituras, é tão plenamente evidenciado a Divindade de Cristo. O que é notável neste quarto Evangelho é a Filiação Divina do Senhor Jesus. Neste livro nos é demonstrado que aquele que foi anunciado pelos anjos aos pastores de Belém, que andou nesta terra durante trinta e três anos, que foi crucificado no Calvário, que subiu em triunfo do túmulo, e que quarenta dias depois partiu de tais cenas, se tornou o Senhor da glória. As provas para isto são esmagadoras, provas quase sem número, e o efeito dessa contemplação deve ser de ceder os nossos corações em adoração diante “o grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo” (Tito 2:13)."

O Evangelho de João, de fato, apresenta a Divindade do Salvador, que é logo apresentada nos primeiros versículos do seu capítulo inicial. O Espírito Santo tem, por assim dizer, colocado a chave logo à entrada do livro, pois os versículos introdutórios deste quarto Evangelho do Senhor Jesus Cristo apresentam a Sua Divina e desvendam as relações essenciais de sua glória. Antes de tentarmos uma exposição desta profunda passagem, vamos apresentar uma primeira análise do seu conteúdo. Nesses treze primeiros versículos de João cap. 1, temos estabelecido:

1. A relação do tempo com Cristo: "No início," portanto, Eterna: João 1:1.

2. A relação com a divindade de Cristo, "Com Deus", portanto, a Santíssima Trindade: João 1:1.

3. A relação de Cristo com à Santíssima Trindade, "Deus era o Verbo": João 1:1.

4. A relação de Cristo para com o Universo, o Criador: "Todas as coisas foram feitas por ele" - João 1:3.

5. A relação dos homens com Cristo, a sua "Luz": João 1:4, 5.

6. A relação de João Barista, com Cristo, "Testemunha", de sua divindade: João 1:6-9.

7. A recepção que Cristo encontrou aqui: João 1:10-13.

(a) "O mundo não o conheceu": - João 1:10.

(b) "Sua própria (Israel) não o recebeu": - João 1:11.

(c) Um corpo nascido de Deus, que "o recebeu": - João 1:12, 13.

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. O mesmo estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele não foi feito nada do que foi feito" (João 1:1-3). Quão diferente é está abertura dos outros evangelhos! João não inicia por apresentar a Cristo como Filho de Davi, nem como o Filho do homem, mas como o Filho de Deus. João nos leva de volta ao começo, e mostra que o Senhor Jesus não teve início. João volta ao início da criação e mostra que o Salvador era o próprio Criador. Cada cláusula nestes versículos requer a nossa maior e cuidadosa atenção por meio de oração.

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." Aqui entra um reino que transcende a mente finita, cuja especulação é profana. "No princípio" é algo que não somos capazes de compreender: é uma daquelas coisas incomparáveis que surgem da inspiração, que é acima do nível do pensamento humano. "No princípio era o Verbo", o significado desta parte final é também algo igualmente incapaz de ser apreendido. A "palavra" é uma expressão: por que as nossas palavras articulam os discursos. A Palavra de Deus, então, é a manifestação Divindade em termos audíveis. E, no entanto, quando dizemos isso, quanto deixamos nós sem ser dito! "E o Verbo estava com Deus", e isto sugere Sua personalidade distinta, e mostra sua relação com as outras Pessoas da Santíssima Trindade. Mas quão infeliz somos e incapacitados para meditar sobre as relações que existem entre as diferentes pessoas da divindade. "E o Verbo era Deus." Não só foi Cristo o Revelador de Deus, mas sempre foi, é e será o próprio Deus. Não apenas foi o nosso Senhor Aquele por meio de quem a Divindade se expressou em termos audíveis, mas ele mesmo era co-igual com o Pai e o Espírito. Vamos agora aproximar-nos do Trono da Graça e lá buscar misericórdia e graça para que nos ajude a olhar de maneira mais profunda nesses versículos.